Poderei
eu, nessas tantas circunstâncias obscuras da vida, perder todas as
coisas materiais, todos os familiares, todos os amigos. Poderei eu até
perder a saúde, ser superado pelo esgotamento e definhamento físicos. Enquanto mantiver a lucidez, jamais serei sobrepujado pelo desespero.
E mesmo que eu perca completamente essa percepção consciente, jamais estarei abandonado ou entregue à sorte ateística de um fim ilógico e eterno.
Há
aqueles que embasam toda a sua existência no materialismo e no
determinismo dogmático de uma realidade que se detêm apenas às coisas
mundanas e passageiras, não muito diferente de um construtor que no
fundo almeja que sua obra venha abaixo assim que ele morrer. E
há aqueles que tocados, sobretudo, pela razão existencial, enxergam um
propósito maior, além e aquém desta vida. Encaram o tempo como uma
ampulheta que ao se esvair os conduzirá para uma nova realidade, onde o
próprio tempo não mais terá fim. São estes os construtores que almejam
que suas obras sejam apreciadas, enaltecidas, vislumbradas e que
sobrevivam por longos anos, independente de estarem aqui ou não.
Estes últimos certamente são muito mais fortes e resilientes que os primeiros diante dos obstáculos e adversidades da vida. Estes são os que aceitam que há um sentido maior e transcendental em suas existências. Estes são os que acataram a irrefutabilidade da existência de um ser supremo, criador de todas as criações e criaturas. Estes são os que absorveram em si a verdade revelada por Cristo, o único e verdadeiro Deus. Estes
são os que têm fé, que é o ápice e o apogeu do entendimento acerca da
verdade inerrante incutida nos ensinamentos e preceitos cristãos.
No último sábado, dia 13 de maio de 2017, em Fátima (Portugal), o Papa Francisco canonizou os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, visionários de Nossa Senhora de Fátima, diante de mais de meio milhão de pessoas. A data não foi escolhida aleatoriamente, já que no referido dia completaram-se exatos 100 anos da primeira aparição da Virgem Maria naquele local. No interior da Basílica do Rosário, o Papa Francisco orou diante do túmulo dos dois pastorinhos e em seguida realizou uma missa em idioma português para as milhares de pessoas presentes - em latim, o Papa canonizou Francisco e Jacinta, os quais passaram a ser as primeiras crianças não mártires a receber uma canonização. Os dois irmãos morreram vítimas da gripe espanhola algum tempo depois das visões, enquanto que a terceira criança - a prima Lúcia dos Santos - tornou-se freira e veio a falecer em 2005, aos 97 anos de idade.
A PRIMEIRA APARIÇÃO
Jacinta, Francisco e Lúcia, à época com 7, 10 e 12 anos de idade, respectivamente, tiveram a primeira visão no dia 13 de maio de 1917, exatamente na mesma data em que o futuro Papa Pio XII foi solenemente ordenado bispo pelo seu antecessor, o Papa Bento XV. A Revolução Russa havia se iniciado ao fim de fevereiro daquele ano. Aquela primeira visão foi descrita por Lúcia da seguinte forma:
"Andava eu com os meus primos Francisco e Jacinta a cuidar do rebanho e subimos a encosta em procura dum abrigo a que chamávamos a "Loca do Cabeço". Depois de aí merendar e rezar, alguns momentos havia que jogávamos e eis que um vento sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava sereno. Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma duma jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos palavra. Ao chegar junto de nós, disse: – Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar: – Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse: – Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. E desapareceu. A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também maior impressão, por ser a primeira assim manifesta."
Nossa Senhora: - Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
Lúcia: - Donde é Vossemecê? - Sou do Céu (e Nossa Senhora ergueu as mãos apontando o Céu).
- E que é que Vossemecê me quer?
- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
- E eu também vou para o Céu?
- Sim, vais.
- E a Jacinta?
- Também.
- E o Francisco?
- Também, mas tem que rezar muitos terços.
- A Maria das Neves já está no Céu? (Lúcia referia-se a uma mulher que tinha morrido recentemente)
- Sim, está.
- E a Amélia?
- Estará no Purgatório até ao fim do mundo. Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
- Sim, queremos.
- Ides pois ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
"Foi ao pronunciar estas últimas palavras que abriu pela primeira vez as mãos comunicando-nos uma luz muito intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais intimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso intimo também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro, meu Deus meu Deus eu Vos amo no Santíssimo Sacramento. Passados estes momentos, Nossa Senhora acrescentou:
- Rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra (na altura desenrolava-se a Primeira Guerra Mundial).
"Em seguida começou a elevar-se serenamente em direção ao nascente até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros".
SEGUNDA APARIÇÃO (13 de Junho de 1917)
A segunda aparição, conforme prometido, ocorreu exatamente um mês depois, ou seja, 13 de junho de 1917.
Neste dia compareceram no local cerca de 50 pessoas curiosas pelos fatos revelados pelos pastorinhos. Por volta do meio-dia, os videntes notaram um clarão, um reflexo de uma luz que se aproximava. Alguns dos espectadores notaram que a luz do sol se obscureceu durante os minutos que se seguiram ao início do colóquio, outros afirmaram que o topo da azinheira pareceu curvar-se como sob um peso, um momento antes de Lúcia falar. Durante a troca de palavras entre Lúcia e a aparição alguns ouviram um sussurro como se fosse o zumbido de uma abelha.
Lúcia: - Vossemecê que me quer?
Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois, direi o que quero.
Lúcia pediu a cura de um doente. - Se se converter, curar-se-á durante o ano.
- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
- Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono.
- Fico cá sozinha?
- Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
"Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação. Quando se desvaneceu esta visão, a Senhora, envolta ainda na luz que d'Ela irradiava, elevou-se da arvorezinha sem esforço, suavemente na direção do leste até desaparecer de todo."
Algumas pessoas mais próximas notaram que os rebentos do topo da azinheira estavam tombados na mesma direção, como se as vestes da Senhora os tivessem arrastado. Só algumas horas mais tarde retomaram a posição natural.
TERCEIRA APARIÇÃO (13 de Julho de 1917)
Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzinha acinzentada pairou sobre a azinheira, o sol ofuscou-se, uma aragem fresca soprou sobre a serra, embora se estivesse em pleno Verão. O Sr. Manuel Marto, pai de Jacinta e Francisco, diz que também ouviu um sussurro, como o de moscas num cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Vosmecê que me quer?
Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é; para fazer um milagre com que todos acreditem que Vosmecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão de ver para acreditarem. Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões, curas e outras graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do terço, que assim alcançariam as graças durante o ano. Um dos pedidos foi a cura do filho paralítico de Maria Carreira. Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria da sua pobreza, mas que rezasse o terço todos os dias em família e dar-lhe-ia os meios de ganhar a vida. Outro enfermo pedia para ir em breve para o Céu. Nossa Senhora respondeu que não tivesse pressa, que bem sabia quando o havia de vir buscar. Depois prosseguiu:
- Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial quando fizerdes algum sacrifício: "ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria." Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. O reflexo de luz que delas expediam pareceu penetrar a terra e (primeira parte do segredo - "A Visão do Inferno") mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas em grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição), se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:
- Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, (segunda parte do segredo - "O Imaculado Coração de Maria") Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé. Então vimos (terceira parte do segredo - "O atentado ao Papa") ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, soltava chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte dizia: "Penitência, Penitência, Penitência!" E vimos numa luz imensa que é Deus: "algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante" um Bispo vestido de branco "tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre". Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás dos outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus." Terminada esta visão, disse Nossa Senhora: - Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério: "Ó meu Jesus! Perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
- Vosmecê não me quer mais nada?
- Não. Hoje não te quero mais nada. E como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente, até desaparecer na imensa distância do firmamento. Ouviu-se então um trovão, indicando que a aparição cessara.
QUARTA APARIÇÃO (19 de Agosto de 1917)
No dia 13 de Agosto, quando deveria dar-se a quarta aparição, os videntes não puderam ir à Cova da Iria, pois foram raptados pelo então administrador do conselho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, um republicano anticlerical e maçom,que à força quis arrancar-lhes o segredo.
Nesse dia, juntou-se uma grande multidão que aguardava pela aparição. Por volta do meio-dia, ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notado uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira. Observaram-se também fenômenos de coloração, de diversas cores, nos rostos das pessoas, das roupas, das árvores e do chão. As crianças continuaram em cativeiro e apesar das várias ameaças físicas de que foram alvo, permaneceram inabaláveis e nada revelaram.
Na manhã do dia 15 de Agosto e a seguir a um interrogatório final, foram então libertadas e regressaram a Fátima.
No dia 19 de Agosto de 1917, Lúcia estava com Francisco e seu irmão João no lugar dos Valinhos, uma propriedade de um dos seus tios. Pelas 4 horas da tarde, começaram a produzir-se as alterações atmosféricas que precederam as aparições anteriores, uma súbita diminuição da temperatura e um esmorecimento do Sol. Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para chamar rapidamente Jacinta, a qual chegou a tempo de ver Nossa Senhora que - anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz - apareceu sobre uma azinheira, um pouco maior que a da Cova da Iria.
Lúcia: - Que é que Vosmecê me quer?
Nossa Senhora: - Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
- Que é que Vosmecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
- Façam dois andores, um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas; o outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão de mandar fazer.
- Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.
- Sim, alguns curarei durante o ano. E tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes novamente a prática da mortificação: - Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas. "E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente." Os videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente suave.
QUINTA APARIÇÃO (13 de Setembro de 1917)
Como das outras vezes, uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20 000 pessoas: o súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do Sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve que desapareciam antes de pousarem na terra. Em particular, foi notado desta vez um globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira.
Nossa Senhora: - Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro, virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda. Trazei-a só durante o dia (as crianças tinham passado a usar como silício uma corda grossa que não tiravam sequer para dormir; isso impedia-lhes muitas vezes o sono e passavam noites inteiras em branco).
Lúcia: - Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas, a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo.
- Sim, alguns curarei. Outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem. "E começando a elevar-Se, desapareceu como de costume."
SEXTA E ÚLTIMA APARIÇÃO - O MILAGRE DO SOL (13 de Outubro de 1917)
Devido ao fato de os pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, segundo os relatos da época. Chovia com abundância e a multidão aguardava as três crianças nos terrenos enlameados da serra. Lúcia assim descreve estes acontecimentos na Memória IV:
"Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva, torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Que é que Vosmecê me quer?
Nossa Senhora: – Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc.
- Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: – Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido. E abrindo as mãos, fê-las refletir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no Sol.
Neste momento, Lúcia diz para a multidão olhar para o Sol, levada por um movimento interior que a isso a impeliu. "Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família. "São José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dor a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores."
Lúcia via apenas a parte superior do corpo de Nosso Senhor e Nossa Senhora não tinha a espada no peito "Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora, em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo."
Enquanto os três pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros, Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a maior parte da multidão presente observou o chamado Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em zigue-zague sobre a multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol voltou em zigue-zague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. Tal fenômeno foi testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilômetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do acontecimento.
A Igreja Católica acompanhou o caso e em 1930 reconheceu como sobrenaturais as aparições. Hoje, Fátima é um dos maiores santuários marianos do mundo.
O MILAGRE QUE LEVOU À CANONIZAÇÃO DE JACINTA E FRANCISCO
O menino brasileiro Lucas Baptista, filho de João Baptista e Lucila Yurie, tinha apenas 5 anos de idade quando sofreu uma queda de quase 7 metros (enquanto brincava na janela com sua irmã Eduarda) por volta das 20 horas do dia 3 de março de 2013, na cidade de Juranda, estado do Paraná. Na queda, o menino bateu com a cabeça no chão e sofreu um traumatismo craniano, com perda de tecido cerebral. Ele chegou ao hospital em coma gravíssimo, sofreu duas paradas cardíacas e teve que passar por uma cirurgia de urgência; os médicos não tinham muitas esperanças que o menino pudesse se salvar.
Nesse momento, os pais de Lucas passaram a apelar para o poder transcendental e sobrenatural de Deus.
Acompanhe as palavras de João Baptista no discurso da cerimônia de canonização:
"Meu nome é João Batista. Esta é a minha esposa, Lucila Yurie. No dia 3 de março de 2013, pelas 20.00 horas, o nosso filho Lucas, que estava a brincar com a sua irmãzinha Eduarda, caiu de uma janela, de uma altura de 6.50 metros. Tinha 5 anos. Bateu com a cabeça no chão e fez um traumatismo craniano muito grave, com perda de tecido cerebral. Foi assistido na nossa cidade, em Juranda, e dada a gravidade do seu quadro clínico, foi transferido para o hospital de Campo Mourão, no Paraná. O percurso demorou quase uma hora. Chegou em coma muito grave. Teve duas paragens cardíacas e foi operado de urgência. Os médicos diziam que tinha poucas probabilidades de sobreviver.
Começamos a rezar a Jesus e a Nossa Senhora de Fátima, a quem temos muita devoção. No dia seguinte ligamos para o Carmelo de Campo Mourão, pedindo às irmãs que rezassem pelo menino. A irmã que recebeu o telefonema não passou o recado para a comunidade. Estavam na hora do silêncio e ela pensou: "O menino vai morrer. Vou rezar pela família".
Os dias passavam e o Lucas estava piorando. No dia 6 de março os médicos pensaram na transferência para outro hospital, uma vez que nem havia os cuidados necessários para a sua idade. Disseram-nos que as possibilidades de o menino sobreviver eram baixas e que se sobrevivesse teria uma recuperação muito demorada ficando certamente com graves deficiências cognitivas ou mesmo em estado vegetativo.
No dia 7 voltamos a telefonar ao Carmelo. Nesse dia, a irmã transmitiu o recado à comunidade. Uma irmã correu para as relíquias dos Beatos Francisco e Jacinta, que estavam junto do Sacrário e sentiu esse impulso de oração: "Pastorinhos, salvem este menino, que é uma criança como vocês". Conseguiu convencer toda a comunidade a rezar apenas com a intercessão dos Pastorinhos. Assim fizeram. Da mesma forma todos nós, na família, começamos a rezar aos Pastorinhos e, dois dias depois, no dia 9 de março o Lucas acordou, bem, e começou a falar, perguntado pela sua irmãzinha. No dia 11 saiu da UTI e dia 15 teve alta.
Está completamente bem, sem nenhum sintoma ou sequela. O que o Lucas era antes do acidente ele o é agora: sua inteligência, seu caráter, é tudo igual.
Os médicos, incluindo alguns não crentes, disseram não ter explicação para esta recuperação.
Queremos agradecer aos profissionais de saúde que acompanharam o Lucas, bem como à Postulação do Francisco e Jacinta Marto na pessoa da Irmã Ângela, por todo o cuidado prestado durante todo este processo até canonização.
Agradecemos também ao Santuário de Fátima pelo convite para este momento de graça. No entanto, não podemos deixar de agradecer a todos aqueles que rezaram pelo Lucas. Damos graças a Deus pela cura do Lucas e sabemos com toda a fé do nosso coração, que foi obtido este milagre pelos Pastorinhos Francisco e Jacinta. Sentimos uma imensa alegria por ser este o milagre que os leva à canonização, mas sobretudo sentimos a bênção da amizade destas duas crianças, que ajudaram o nosso menino e agora ajudam a nossa família."
O menino Lucas e seus pais foram recebidos pelo Papa Francisco durante a cerimônia.
* O processo de canonização de Lúcia dos Santos ainda não foi concluído.
Eventos históricos Cronologia de alguns eventos históricos relacionados com a mensagem e as aparições de Fátima:
28 de Março de 1907 - Nasce Lúcia dos Santos, em Aljustrel, Fátima. 11 de Junho de 1908 - Nasce Francisco de Jesus Marto, em Aljustrel, Fátima. 11 de Março de 1910 - Nasce Jacinta de Jesus Marto, em Aljustrel, Fátima. 28 de Julho de 1914 - Início da Primeira Guerra Mundial. 23 de Fevereiro de 1917 - A Revolução Russa tem início. O Czar é deposto e um Governo Provisório é implantado. A 25 de Outubro bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, assumem o poder. 13 de Maio de 1917 - O futuro Papa Pio XII é solenemente ordenado bispo pelo seu antecessor, o Papa Bento XV, exatamente no primeiro dia da aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. 11 de Novembro de 1918 - Fim da Primeira Guerra Mundial. 23 de Dezembro de 1918 - Francisco e Jacinta Marto adoecem, vítimas de pneumónica. 4 de Abril de 1919 - Morre Francisco Marto, na casa da sua família, em Aljustrel. É sepultado no cemitério de Fátima. 28 de Abril a 15 de Junho de 1919 - Construção da Capelinha das Aparições, em resposta ao pedido de Nossa Senhora "quero que façam aqui uma capela em minha honra". 21 de Janeiro de 1920 - Jacinta Marto é levada para Lisboa, onde fica internada no Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, na Rua da Estrela, n.º 17. No dia 2 de Fevereiro de 1920 muda para o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa. 20 de Fevereiro de 1920 - Morre Jacinta Marto, no Hospital de Dona Estefânia. É sepultada no cemitério de Vila Nova de Ourém, no jazigo da família do Barão de Alvaiázere. 13 de Maio de 1920 - A imagem de Nossa Senhora de Fátima, oferecida por Gilberto Fernandes dos Santos e obra do escultor José Ferreira Thedim, é benzida na Igreja Paroquial de Fátima. É em madeira, cedro do Brasil, mede 1 metro e 37 centímetros e pesa 19 quilos. É entronizada na Capelinha a 13 de Junho do mesmo ano. 17 de Junho de 1921 - Lúcia dá entrada como aluna interna, no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto. 13 de Outubro de 1921 - É permitida a celebração da Missa, pela primeira vez, junto à Capelinha das Aparições. 6 de Março de 1922 - A Capelinha das Aparições é parcialmente destruída por uma bomba, sendo reconstruída ainda nesse mesmo ano. 3 de Maio de 1922 - Provisão do Bispo de Leiria manda instaurar o processo canônico sobre os acontecimentos de Fátima.[25] 25 de Outubro de 1925 - Lúcia viaja para Espanha e é admitida como postulante de noviciado no Convento das Doroteias, em Tui. Ao receber o hábito adota o nome de Maria (Lúcia) da Dores. 10 de Dezembro de 1925 - Nossa Senhora pede a Lúcia, numa visão em Tui, a divulgação da prática e da comunhão reparadora nos primeiros sábados. 15 de Fevereiro de 1926 - Lúcia tem uma visão de Jesus onde Ele lhe pergunta se tem espalhado a devoção dos primeiros sábados. 26 de Junho de 1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, uma cerimónia oficial na Cova da Iria. 13 de Maio de 1928 - Lançamento da primeira pedra para a construção da Basílica. 14 de Abril de 1929 - É concluído o processo canônico sobre as Aparições instaurado em Maio de 1922. A comissão responsável entrega o relatório final ao Bispo de Leiria. 13 de Junho de 1929 - Nossa Senhora pede a Lúcia, noutra visão em Tui, a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração. 13 de Outubro de 1930 - O Bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, torna público e oficialmente, que as aparições de Fátima são dignas da fé pela Igreja Católica e a permissão do culto público a Nossa Senhora de Fátima. 13 de Maio de 1931 - Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima. 12 de Setembro de 1935 - Os restos mortais de Jacinta Marto são trasladados para o cemitério de Fátima, data em que a urna foi aberta e revelado o seu corpo incorrupto. Dezembro de 1935 - Lúcia escreve o texto sobre a vida de Jacinta e que fica conhecido como a "Primeira Memória da Irmã Lúcia". 21 de Novembro de 1937 - Lúcia conclui o manuscrito sobre a sua vida e as aparições e que fica conhecido como "Segunda Memória da Irmã Lúcia". Revela pela primeira vez as visões do Anjo. 25 de Janeiro de 1938 - Extraordinária aurora boreal, registrada por astrônomos na noite de 25 para 26 de Janeiro. (Lúcia sempre insistiu que este seria o sinal de Deus para o começo da guerra, conforme Nossa Senhora havia comunicado aos pastorinhos na terceira aparição.) 12 de Março de 1938 - Tropas nazistas marcham até Áustria para anexá-la à Alemanha do Terceiro Reich (segundo o testemunho da Irmã Lúcia (carta de 8 de Novembro de 1989 para o Santo Padre), este acontecimento teria sido o verdadeiro início da Segunda Guerra Mundial, ocorrendo durante o pontificado do Papa Pio XI (1922-1939), confirmando assim a mensagem de Nossa Senhora de 13 de Julho de 1917). 31 de Agosto de 1941 - Atendendo ao pedido feito pelo Bispo de Leiria, Lúcia redige novos factos sobre Jacinta e revela a Primeira e a Segunda parte do Segredo, deixando claro que existiria ainda uma Terceira parte por divulgar. Este manuscrito é posteriormente publicado, ficando conhecido como "Terceira Memória da Irmã Lúcia". 8 de Dezembro de 1941 - Lúcia escreve o que ficou conhecido como a "Quarta Memória da Irmã Lúcia". A vidente escreve o texto definitivo das Orações do Anjo e acrescenta ao texto do segredo a frase «Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.». 13 de Maio de 1942 - Grande peregrinação comemora o 25.º aniversário das Aparições. 13 de Outubro de 1942 - Um grupo de mulheres portuguesas oferece uma coroa de ouro à imagem da Capelinha em ação de graças por Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial. Pesa 1200 gramas e é enriquecida por 313 pérolas e 2679 pedras preciosas. 31 de Outubro de 1942 - Por ocasião do encerramento do ano jubilar das aparições, o Papa Pio XII através de uma mensagem rádio a Portugal, faz a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria. 3 de Janeiro de 1944 - Por ordem do Bispo de Leiria, Lúcia escreve a Terceira parte do Segredo. O envelope é selado e guardado pelo Bispo de Leiria. 15 de Agosto de 1945 - Fim da Segunda Guerra Mundial. 13 de Maio de 1946 - O Cardeal Bento Aloisi Masella, legado pontifício, coroa solenemente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. 20 de Maio de 1946 - A vidente Lúcia desloca-se a Fátima e faz a identificação local dos diversos lugares históricos das aparições. 25 de Março de 1948 - Lúcia retorna a Portugal para ingressar no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado. 30 de Outubro de 1950 - Às 16h00, o Papa Pio XII presencia o Milagre do Sol nos jardins do Vaticano e conta ainda como viu um globo opaco girando em torno dele mesmo, movimentando-se ligeiramente para a direita e para a esquerda, repetidamente. O fenômeno repete-se para o Pontífice ainda nos dias 31 de outubro, 1.º de novembro e 8 de novembro. O Pontífice disse ser uma confirmação celestial à proclamação solene do dogma da Assunção de Maria de corpo e alma aos céus. 1 de Maio de 1951 - Os restos mortais de Jacinta são trasladados para a Basílica de Fátima. 13 de Março de 1952 - Os restos mortais de Francisco são trasladados para a Basílica de Fátima. É sepultado junto de sua irmã Jacinta. 7 de Julho de 1952 - O Papa Pio XII, por meio de uma Carta Apostólica, consagra os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Maria. 7 de Outubro de 1953 - Sagração da Basílica de Nossa Senhora do Rosário. Em Novembro de 1954, Pio XII concede-lhe o título de Basílica. 12 de Agosto de 1956 - É inaugurado nos Valinhos, Aljustrel, o monumento celebrativo no local da 4.ª aparição, ocorrida em 19 de Agosto de 1917. Foi construído com contribuições de católicos húngaros e a imagem de Nossa Senhora de Fátima é obra da escultora Maria Amélia Carvalheira da Silva. 4 de Abril de 1957 - O envelope selado com a Terceira parte do Segredo é entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo a Irmã Lúcia é avisada pelo Bispo de Leiria. Pio XII não o chega a abrir. 17 de Agosto de 1959 - O Papa João XXIII toma conhecimento da Terceira parte do Segredo. Após alguma hesitação, pede para esperar e decide não torná-lo público. 13 de Agosto de 1961 - Inicia-se a construção do Muro de Berlim. 21 de Novembro de 1964 - O Papa Paulo VI, ao encerrar a III Sessão do Concílio Vaticano II, confia o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria e proclama Nossa Senhora Matter Ecclesiae. Concede a Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima que é entregue a 13 de Maio do ano seguinte pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício. 27 de Março de 1965 - Paulo VI toma conhecimento da Terceira parte do Segredo e decide não publicá-lo, remetendo de novo o envelope para os Arquivos do Vaticano. 13 de Maio de 1967 - O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja. 13 de Maio de 1977 - A Peregrinação do 60.º aniversário da 1.ª Aparição é presidida pelo Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, legado Pontifício. 13 de Maio de 1981 - O Papa João Paulo II sofre um atentado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Logo que recupera no hospital, pede que lhe entreguem o envelope com a Terceira parte do Segredo. 12 de Maio de 1982 - A Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre, faz uma orientação para a interpretação da Terceira parte do Segredo. 13 de Maio de 1982 - O Papa João Paulo II visita pela primeira vez o Santuário de Fátima para agradecer à Virgem ter escapado com vida do atentado que havia sofrido um ano antes. De joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria. 25 de Março de 1984 - O Papa João Paulo II, em união com os bispos do mundo inteiro, faz na Praça de S. Pedro, no Vaticano, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, diante da imagem da Virgem de Fátima, que propositadamente viajou desde a Capelinha das Aparições. Mais tarde, a Irmã Lúcia confirma, numa carta de 8 de Novembro de 1989 para o Santo Padre, que este ato solene e universal de consagração, corresponderia ao que Nossa Senhora queria. João Paulo II entrega ao então Bispo de Leiria-Fátima, Alberto Cosme do Amaral, a bala que o tinha atingido no atentado de que tinha sido vítima a 13 de Maio de 1981. Esta bala foi posteriormente colocada na coroa da Virgem, onde permanece até hoje. 13 de Maio de 1989 - O Papa João Paulo II publica o decreto que proclama a heroicidade das virtudes dos videntes Francisco e Jacinta Marto. 9 de Novembro de 1989 - Cai o Muro de Berlim, ato inicial da reunificação das duas Alemanhas, (RFA e RDA), acabando também com a Cortina de Ferro. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. Um pedaço do Muro foi oferecido mais tarde ao Santuário de Fátima pelo emigrante português na Alemanha Virgílio Casimiro Ferreira. 13 de Maio de 1991 - O Papa João Paulo II visita Fátima pela segunda vez, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro. Novamente, faz a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. 25 de Dezembro de 1991 - Gorbachev anuncia o fim da URSS, renunciando ao cargo de Presidente Executivo da União Soviética. Mais tarde muitas igrejas foram devolvidas aos ortodoxos, incluindo o Mosteiro de São Daniel, onde está hoje a sede do patriarcado da Igreja Ortodoxa russa. Até à data, outubro 2016, a Federação da Rússia permite a multi-confissão religiosa. Outubro de 1992 - A estátua peregrina de Nossa Senhora de Fátima visita a Rússia e é exposta na Praça Vermelha em Moscovo. 13 de Agosto de 1994 - É inaugurado o monumento que integra o pedaço oferecido do Muro de Berlim. Pesa 2600 quilos, mede 3,60 metros de altura e 1,20 de largura. O arranjo do monumento é do arquiteto J. Carlos Loureiro. 12 e 13 de Outubro de 1996 - O Cardeal Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e futuro Papa Bento XVI, visita o Santuário de Fátima, onde preside à Peregrinação Internacional Aniversária de Outubro. 27 de Abril de 2000 - Cumprindo o pedido feito pelo Papa João Paulo II numa carta pessoal enviada à Irmã Lúcia em 19 de Abril de 2000, o Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e o Bispo de Leiria-Fátima Serafim de Sousa Ferreira e Silva encontram-se com Lúcia no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra para ouvir a sua interpretação da Terceira parte do Segredo. 13 de Maio de 2000 - O Papa João Paulo II visita Fátima pela última vez para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Aí se encontra pela última vez com a Irmã Lúcia. O Cardeal Angelo Sodano, no final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II, expõe uma súmula do Terceiro Segredo de Fátima. 26 de Junho de 2000 - O Vaticano publica o texto integral do Terceiro Segredo, acompanhado por um comentário teológico da autoria do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. 8 de Outubro de 2000 - A imagem de Nossa Senhora de Fátima viaja novamente ao Vaticano e na Praça de S. Pedro, na presença de 1500 bispos de todo o mundo e de milhares de fiéis e peregrinos, João Paulo II consagra diante desta e em união com todo o episcopado do mundo, o novo milênio à Virgem Santíssima. 13 de Fevereiro de 2005 - Morre no Carmelo de Coimbra a Irmã Lúcia do Coração Imaculado, da Ordem das Carmelitas Descalças. 2 de Abril de 2005 - Morre João Paulo II. 13 de Maio de 2005 - O Papa Bento XVI faz uma exceção à regra do Código de Direito Canônico e dá instruções para o início do processo de beatificação de João Paulo II. O Patriarca de Lisboa José da Cruz Policarpo cumpre o pedido que lhe foi feito pessoalmente por Bento XVI e entrega o pontificado de Joseph Ratzinger aos pés de Nossa Senhora de Fátima. 19 de Fevereiro de 2006 - Os restos mortais de Lúcia são trasladados para a Basílica de Fátima onde é sepultada junto dos seus primos, Francisco e Jacinta. 12 de Outubro de 2007 - Celebrando o 90.º aniversário das Aparições, é inaugurada a Basílica da Santíssima Trindade pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, assistindo ao ato o Presidente da República, Cavaco Silva e o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. 14 de Fevereiro de 2008 - O Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, por ocasião do aniversário da morte de Lúcia, torna público em Coimbra que o Papa Bento XVI autorizou, excepcionando as normas do Direito Canônico, o início da fase diocesana da causa da beatificação de Lúcia, transcorridos apenas três anos da sua morte. 12 e 13 de Maio de 2010 - O Papa Bento XVI, visita o Santuário de Fátima no 10.º aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco. Concede a 2.ª Rosa de Ouro ao Santuário, colocando-a aos pés da imagem da Virgem na Capelinha das Aparições. 1 de Maio de 2011 - João Paulo II é beatificado na Praça de São Pedro por Bento XVI. 13 de Maio de 2011 - Milhares de pessoas presentes no santuário de Fátima observam um halo solar, no momento em que era exibido um filme que relatava momentos da vida de João Paulo II e da sua ligação a Fátima. Muitos peregrinos dizem ver um "milagre" enquanto outros dirigem os telefones celulares para o Sol para registrar o momento em fotografia.
13 de Maio de 2013 - O Cardeal-patriarca de Lisboa D. José Policarpo dá cumprimento ao desejo claramente expresso do Papa Francisco e consagra o seu pontificado à Virgem de Fátima. 12 e 13 de Outubro de 2013 - A imagem de Nossa Senhora de Fátima volta novamente ao Vaticano, atendendo ao desejo expresso do Papa Francisco. No dia 12 é acolhida na Praça de S. Pedro pelo Santo Padre e no dia 13, o Papa faz diante da imagem a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria. 29 de Setembro de 2016 - O Papa Francisco confirma a sua deslocação a Fátima em Maio de 2017 com o propósito da celebração do Centenário das Aparições. Será o quarto Papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010). 23 de Março de 2017 - O Papa Francisco aprova o milagre necessário para a canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto. 12 e 13 de Maio de 2017 - O Papa Francisco visita como peregrino o Santuário de Fátima, na comemoração do centenário das Aparições. Concede a 3.ª Rosa de Ouro ao Santuário, colocando-a aos pés da imagem da Virgem na Capelinha das Aparições. No dia 13 preside à celebração eucarística e canoniza os pastorinhos beatos Francisco e Jacinta Marto. Os dois irmãos são os mais jovens santos não mártires na história da Igreja Católica