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QUANDO HITLER ABANDONOU A FÉ CATÓLICA?
(trecho subtraído do CAPÍTULO III - pgs. 44 e 45)
Apesar da formação católica e de até ter manifestado na infância o
desejo de tornar-se sacerdote, todos sabemos muito bem que
(infelizmente) Hitler não permaneceu fiel ao catolicismo, se é que em
algum momento de sua vida ele tenha realmente vivido de acordo com o
Catecismo da Igreja. Nesse caso a história certamente seria muito
diferente e, quiçá, a Segunda Guerra Mundial jamais teria feito parte
dela.
Quase todos os biógrafos de Hitler traçaram um perfil
de uma criança não muito bem ajustada à religião praticada por seus
pais (ou no caso, de sua mãe), um menino até certo ponto rebelde e que
algumas vezes resistia em acatar as ordens do pai, com quem tinha
algumas pequenas desavenças. Segundo o historiador alemão Michael
Rissmann, “Hitler foi influenciado na escola pelo Pan-germanismo, e começou a rejeitar a Igreja Católica, recebendo a Crisma só a contragosto”.
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A IGREJA CONDENA OFICIALMENTE O NAZISMO
(CAPÍTULO VII - pgs. 65 a 78)
“Em 24 de janeiro de 1934, Hitler nomeou Alfred Rosenberg como o
filósofo oficial do estado. Oficiais da Igreja ficaram perturbados – A
indicação era de que Hitler era oficialmente defendia as ideias
antissemitas, anticristãs e neopagãs apresentadas no "Mito do Século
XX", de Rosenberg. Pio XI e o Cardeal Pacelli dirigiram o Santo Ofício
para colocar o Mito do Século XX no Índice de Livros Proibidos de
Rosenberg em 7 de fevereiro de 1934. O Cardeal Schulte de Cologne
encontrou-se com Hitler e protestou contra o papel de Rosenberg no
governo. Ignorado por Hitler, Schulte decidiu que a Igreja precisava
responder e nomeou o reverendo Josef Teusch para dirigir uma defesa
contra a propaganda nazista anticristã. Teusch eventualmente produziu 20
livretos contra o nazismo. "Verdades do Catecismo" vendeu sozinho sete
milhões de cópias. Mais tarde, em 1934, "Studien zum Mythus des XX", um
panfleto de ensaios atacando Mito do Século XX de Rosenberg, foi lançado
em nome do Bispo Clemens von Galen – Studien era uma defesa da igreja.”
(Robert Krieg, Catholic Theologians in Nazi Germany)
Quase quatro anos após a Concordata, ao tomar conhecimento de alguns
abusos e do não cumprimento de alguns parágrafos da mesma, o Papa Pio XI
condenou oficialmente o nazismo e sua ideologia racista na Encíclica
Mit Brennender Sorge (Com Profunda Preocupação), promulgada em 14 de
março de 1937. Esta Encíclica é considerada o primeiro documento público
de um chefe de Estado europeu a criticar o nazismo. Eis algumas das
passagens mais célebres da Encíclica:
"Aquele que, com sacrílego desconhecimento das diferenças essenciais
entre Deus e a criatura, entre o Homem-Deus e o simples homem, ousar
colocar-se ao nível de Cristo, ou pior ainda, acima d'Ele ou contra Ele,
um simples mortal, ainda que fosse o maior de todos os tempos, saiba
que é um profeta de fantasias a quem se aplica espantosamente a palavra
da Escritura: 'Aquele que mora nos céus zomba deles' (Sal 2,4)."
"A revelação, que culminou no Evangelho de Jesus Cristo, é definitiva e
obrigatória para sempre, não admite complementos de origem humana, e
muito menos sucessões ou substituições por revelações arbitrárias, que
alguns corifeus modernos pretenderiam fazer derivar do chamado mito do
sangue e da raça. Desde que Cristo, o Ungido do Senhor, consumou a obra
da redenção, quebrando o domínio do pecado e tornando-nos merecedores da
graça de chegar a ser filhos de Deus, desde aquele momento não se deu
aos homens nenhum outro nome sob o céu, para conseguir a
bem-aventurança, senão o nome de Jesus . Por mais que um homem
encarnasse em si toda a sabedoria, todo o poder e toda a pujança
material da terra, não poderia assentar fundamento diverso daquele que
Cristo colocou."
Entretanto, caro leitor, muito antes desta encíclica, o partido de
Hitler já havia sido oficialmente condenado pela Igreja Católica, em
pleno território alemão, conforme comprovado nos documentos encontrados
em 2009 por Michael Hesemann. Em um dos documentos, datado de setembro
de 1930, a arquidiocese de Mogúncia (Mainz), afirmava que estava
“proibido a qualquer católico inscrever-se nas filas do Partido
Nacional-Socialista de Hitler”.
“Aos membros do partido hitleriano não era permitido participar de funerais ou de outras celebrações católicas similares.”
“Enquanto um católico estivesse inscrito no partido hitleriano, não podia ser admitido aos sacramentos.”
A denúncia da arquidiocese de Mogúncia foi publicada na primeira página
do L’Osservatore Romano, em um artigo intitulado “Partido de Hitler
condenado pela autoridade eclesiástica”, de 11 de outubro de 1930.
Em fevereiro de 1931, a diocese de Munique confirmou a incompatibilidade da fé católica com o Partido Nazista.
No mês seguinte, também a diocese de Colônia, Parderborn e as das
províncias de Renânia denunciaram a ideologia nazista, proibindo de
forma pública qualquer contato com os nazistas.
“O nacional-socialismo, no seu programa cultural e político, contém
heresias porque nega abertamente ou interpreta mal elementos importantes
da doutrina católica e porque, de acordo com seus líderes, quer
substituir a fé cristã por uma nova ideologia.”
“Destacados representantes do nacional-socialismo consideram a raça
mais importante que a religião. Eles negam as revelações do Antigo
Testamento e até o Decálogo Mosaico.”
“O que o nacional-socialismo chama de cristianismo, não é o cristianismo de Cristo.”
“É estritamente proibido aos padres e religiosos católicos cooperar ou
se juntar ao movimento nacional-socialista de qualquer forma.”
“Nazistas estão proibidos agora e no futuro de participar dos serviços
religiosos quando aparecerem em grupo com uniforme e bandeira.”
Indignados com a excomunhão emitida pela Igreja Católica, os nazistas
enviaram Hermann Göring a Roma afim de reunir-se em audiência com o
então secretário de Estado Eugenio Pacelli. No dia 30 de abril de 1931, o
cardeal Pacelli rejeitou encontrar-se com Göring, que foi recebido pelo
subsecretário, Dom Giuseppe Pizzardo, o qual tinha a tarefa de anotar
tudo o que os nazistas pediam.
Em agosto de 1932, a Igreja Católica excomungou todos os dirigentes do
Partido Nazista. Entre os princípios anticristãos denunciados como
hereges, a Igreja mencionava explicitamente as teorias étnicas e o
racismo.
Também em agosto de 1932, a Conferência Episcopal alemã publicou um
documento detalhado no qual eram dadas instruções de como relacionar-se
com o Partido Nazista. Nele, estava escrito que era absolutamente
proibido aos católicos que fossem membros do Partido
Nacional-Socialista. Quem desobedecesse, seria imediatamente
excomungado.
Em janeiro de 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, as associações
católicas alemãs difundiram um folheto intitulado: “Um convite sério em
um momento grave”, no qual consideravam a vitória do Partido
Nacional-Socialista como “um desastre” para o povo e para a nação.
No dia 10 de março de 1933, a Conferência Episcopal alemã, reunida em
Fulda, enviou um apelo ao presidente da Alemanha, o general Paul L. von
Beneckendorff und von Hindenburg, expressando “preocupações mais graves,
que são compartilhadas por amplos setores da população”.
Os bispos alemães se dirigiram a von Hindenburg manifestando seu temor
de que os nazistas não respeitassem “o santuário da Igreja e a posição
da Igreja na vida pública”. Por isso, pediram ao presidente uma “urgente
proteção da Igreja e da vida eclesiástica”.
Todos os documentos encontrados pela Pave the Way Foundation (PTWF) em
2009 são de notável importância porque põem um fim às repetidas calúnias
que pretenderam manchar a Igreja Católica como diligente colaboradora
do nazismo, quando na verdade foi a primeira em denunciar sua
periculosidade. (Antonio Gaspari)
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A PERSEGUIÇÃO DE HITLER AOS CATÓLICOS
(CAPÍTULO VIII - pgs. 79 a 86)
A
reação de Hitler ao tomar conhecimento da Encíclica de Pio XI
(condenando o nazismo) foi instantânea. O ditador teria declarado: "Vou
abrir uma campanha contra eles (o clero católico) na imprensa, rádio e
cinema, de modo que eles não saberão o que os atingiu. Não teremos
nenhum mártir entre os sacerdotes católicos, é mais prático mostrar que
eles são criminosos”.
No dia seguinte à leitura do documento papal nas igrejas alemãs,
oficiais da Gestapo visitaram todas as paróquias e escritórios
diocesanos com o intuito de apreender as cópias existentes da Encíclica.
Também através da Gestapo, Hitler intensificou a perseguição aos
católicos alemães, o que acabou resultando na prisão de mais 1.100
membros do clero. Através de seu ministro Joseph Goebbels encabeçou uma
campanha publicitária difamatória contra a Igreja Católica, na intenção
de colocar todo o povo alemão contra ela.
O historiador Richard J. Evans, considerado um dos maiores
especialistas em História Alemã e Segunda Guerra Mundial, escreveu o
seguinte em seu livro "Terceiro Reich no Poder (The Third Reich in
Power)":
“Já desde antes da Concordata ser ratificada, o Cardeal Pacelli, o
Secretário do Vaticano do Estado em Roma, estava enviando fluxo
frequente de longas e circunstancialmente detalhadas reclamações ao
governo alemão sobre tais violações, listando centenas de casos nos
quais os camisas marrons haviam fechado organizações católicas,
confiscado dinheiro e equipamento, engajado em propaganda anticristã,
banido publicações católicas, e muito mais. Padres Católicos foram
prejudicados nesta luta, publicamente reclamando a suástica como a "Cruz
do Diabo"”
“Em 4 de novembro, o Ministro (Educacional Regional) tornou as coisas
muito piores ao banir a consagração religiosa de novos prédios escolares
e ordenar a remoção de todos os símbolos religiosos como crucifixos (e,
a propósito, retratos de Lutero) de todos os prédios do estado,
municipais e paroquianos, incluindo escolas.”
“A Câmara de Teatro do Reich começou de 1935 em diante a banir eventos
teatrais e musicais patrocinados pela Igreja, argumentando que eles
estavam competindo financeiramente e ideologicamente com os concertos e
peças patrocinados pelos Nazistas. Por 1937 ela estava banindo as peças
de Natal.”
“Após o começo da campanha de Goebbels contra corrupção financeira na
Igreja, os tons das relações entre Berlim e Roma se tornaram muito mais
afiados. As relações pareciam estar mergulhando em hostilidade aberta.
Cultos e sermões da Igreja na Alemanha estavam agora proibidos, o
Vaticano reclamou, sendo sujeitado a constante vigilância pelas
autoridades…”
“Os problemas vieram a cabeça quando, alarmados pelos conflitos
escalando, uma delegação sênior de Bispos e Cardeais Alemães, incluindo
Bertram, Faulhaber, e Galen, foram a Roma em Janeiro de 1937 para
denunciar os Nazistas por violar a Concordata.”
"...o governo Alemão estava conduzindo uma "luta de aniquilação" contra
a Igreja: com medidas de compulsão ambas visíveis e disfarçadas, com
intimidação, com ameaças de desvantagens econômicas, profissionais,
cívicas e outras, a fé doutrinal dos Católicos e em particular de certas
classes dos servos civis Católicos foram sendo colocados sob uma
pressão tão ilegal quanto desumana.”
“Armados desde 1936 com seus novos poderes como Líder da Polícia Alemã,
Himmler agora aumentou a campanha contra a Igreja. Junto com seu
imediato Reinhard Heydrich, ele colocou agentes secretos nas
organizações da Igreja, e escalou a perseguição policial dos clérigos.
Houve mais supressão da imprensa diocesana, restrições foram colocadas
nas peregrinações e procissões, até mesmo em casamentos Católicos e
classes foram banidas porque elas não transmitiam a visão
Nacional-Socialista destas coisas.”
“Por 1938 a maioria dos grupos de juventude Católica haviam sido
fechados em razão de estarem assistindo na disseminação de "escritos
hostis ao estado". A Ação Católica, da qual os líderes na Alemanha
alegadamente mantiveram comunicações com o Prelate Kaas, o antigo líder
do Partido Central, foi também banida em 1938. Subsídios estatais para a
Igreja foram cortados na Bavária e na Saxônia, e monastérios foram
dissolvidos com seus assentos confiscados. Mandados de busca e prisões
de padres "políticos" aumentaram substancialmente, com um fluxo
constante de casos bem publicados de "abuso do púlpito" trazidos perante
a corte.”
“… Exigindo da Igreja Católica "tirar a máscara", mais do que sugerindo
que homossexualismo e pedofilia eram epidêmicos na Igreja como um todo,
e não em instâncias isoladas.”
“Particularmente ofensivo, declarou a imprensa,era o fato de que a
Igreja defendia os acusados e os tratava como mártires. A medida que
mais julgamentos seguiram, o Ministério da Propaganda construiu uma
constante campanha para retratar a Igreja como sexualmente corrupta e
indigna de ser confiada na educação dos jovens.”
“… Tais coisas somente ocorriam na Igreja, onde, foi sugerido, eles
eram um inevitável produto do celibato que era requerido do sacerdócio
pela Igreja. A Igreja Católica era uma ‘ferida no saudável corpo racial’
que deveria ser removida, declarou um artigo da imprensa Nazista. A
campanha culminou em um discurso furioso pelo próprio Ministro da
Propaganda do Reich, dado a uma audiência de 20 mil dos fiéis ao
Partido, e transmitida em rádio nacional, em 28 de maio de 1937,
denunciando os Católicos como "corruptores e envenenadores da alma do
povo" e prometendo que "esta praga sexual deverá ser exterminada, raiz e
ramo". Não é a lei do Vaticano que impera aqui entre nós, ele avisou a
Igreja, mas a lei do povo Alemão.”
“… Os Nazistas agora lançaram uma campanha sustentada para fechar
escolas denominacionais e substituí-las com "escolas comunitárias" não
religiosas, apoiada por votos dos pais.”
“No verão de 1939, todas as escolas denominacionais na Alemanha haviam
se tornado escolas comunitárias, e todas as escolas privadas
administradas pelas Igrejas haviam sido fechadas, e os padres a frades
que as administravam foram demitidos. Padres foram impedidos de ensinar
em escolas primárias em crescente número. Ao mesmo tempo, classes de
instrução religiosa foram reduzidas drasticamente.”
"O poder da Igreja Católica na Alemanha, como aquele da contraparte
Protestante, haviam sido severamente minados por volta de 1939. Havia
sido intimidado e perseguido até que começou a baixar o tom de suas
críticas ao regime por medo de que algo ainda pior pudesse acontecer...”
“Tais ideias anticristãs eram difundidas na Juventude Hitlerista e
formavam uma parte cada vez mais importante do programa do Partido para a
doutrinação dos jovens. Crianças recebendo lanches da organização de
bem-estar Nacional-Socialista em Colônia, por exemplo, eram obrigadas a
recitar uma oração antes e após a refeição, a qual substituía o nome de
Deus pelo nome do Führer..."
Diante de todos esses fatos, entre tantos questionamentos, duas
perguntas primordiais que podemos lançar aos que afirmam ou acreditam
que Hitler era católico são:
1) Por que o ditador não se submeteu aos apelos do Papa Pio XI que condenou oficialmente sua doutrina nazista?
2) Se Hitler era católico, por que ele ordenou uma perseguição ferrenha aos católicos da Alemanha?
“O objetivo derradeiro da SS ia além da erradicação do Catolicismo
político para a destruição da própria Igreja como um centro de poder e
autoridade moral. Reinhard Heydrich (um dos principais idealizadores
nazistas) tentou desacreditar o clero ao produzir um número de
julgamentos baseados em acusações de contrabando de moeda e má conduta
sexual por padres e freiras que foram dadas ampla publicidade no jornal
SS, Das Schwartze Korps.” (Callum Macdonald, “O assassinato de Reinhard
Heydrich”)
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O MASSACRE DOS CATÓLICOS NA POLÔNIA
(CAPÍTULO IX - pgs.87 a 98)
Este
é um capítulo que certamente demandaria um estudo mais aprofundado e
consumiria muitas e muitas páginas, mas para que o leitor tenha uma
ideia do quão ferrenha foi a perseguição nazista aos católicos na
Polônia, observemos os fatos a seguir.
Primeiramente, vale enfatizar que, na época da invasão (1939), cerca de
65% da população da Polônia declarava ser católica (fonte: Jozef
Garlinski; "Polônia e Segunda Guerra Mundial"). Segundo o historiador
Richard J. Evans, a Igreja Católica era a instituição que "mais do que
qualquer outra sustentava a identidade nacional polonesa ao longo dos
séculos", ou seja, a Polônia era um país predominantemente católico e
cristão.
De acordo com o livro "Hitler, uma biografia (Hitler a Biography)”, de
Ian Kershaw, a Igreja Católica na Polônia foi brutalmente suprimida
pelos nazistas durante a ocupação alemã naquele país (1939-1945). Nas
áreas polacas anexadas pela Alemanha nazista as igrejas foram
sistematicamente fechadas e a maioria dos sacerdotes foram mortos,
presos ou deportados. Em toda a Polônia, milhares de sacerdotes morreram
em prisões e campos de concentração; milhares de igrejas e mosteiros
foram confiscados, fechados ou destruídos; e inúmeras obras de arte
religiosa e objetos sagrados se perderam para sempre. Os líderes da
Igreja foram alvo como parte de um esforço geral para destruir a cultura
polonesa. Pelo menos 1811 pessoas do clero polonês morreram em campos
de concentração nazistas. No total, cerca de 3000 clérigos foram mortos.
Os planos de Hitler para a germanização do Oriente não tinham lugar
para as Igrejas cristãs.
O clero superior da Polônia sofreu duras represálias; alguns foram
forçados a se aposentar, enquanto outros foram presos e até executados.
Os bispos Marian Leon Fulman, Władysław Goral, Michał Kozal, Antoni
Julian Nowowiejski e Leon Wetmański foram enviados para campos de
concentração, com Goral, Nowowiejski, Kozal e Wetmański perecendo em
Sachsenhausen, Dachau, Soldau e Auschwitz, respectivamente. (fonte:
Pierre Blet, "Pio XII e Segunda Guerra Mundial: de acordo com os
arquivos do Vaticano")
Após a invasão, o cardeal August Hlond apresentou um relatório oficial
das perseguições contra a Igreja polonesa ao Vaticano. Ele descreveu
apreensões da propriedade da igreja e abuso de clérigos e freiras na
Arquidiocese de Gniezno:
"Muitos sacerdotes são presos, sofrem humilhações, golpes, maus tratos.
Um certo número foi deportado para a Alemanha... Outros foram detidos
em campos de concentração... Não é raro ver um padre no meio de grupos
trabalhistas que trabalham nos campos... Alguns deles até foram presos,
barbaramente agredidos e submetidos a outras torturas... A Canon Casimir
Stepczynski ... foi forçada, em companhia de um judeu, a levar o
excremento humano... o curador que desejava tomar o lugar do venerável
padre foi brutalmente espancado com o cabo do rifle."
"Na diocese de Chełmno afirma-se que um grande número de sacerdotes
foram baleados, mas nem o número nem os detalhes são conhecidos, já que
as autoridades de ocupação mantêm um obstinado silêncio sobre o
assunto... As Igrejas foram quase todas foram fechadas e confiscadas
pela Gestapo... todas as cruzes e símbolos sagrados à beira da estrada
foram destruídos... 95% dos sacerdotes foram presos, expulsos ou
humilhados diante dos fiéis... e a maioria dos católicos eminentes foram
executados."
"O hitlerismo visa a destruição sistemática e total da Igreja Católica
nos territórios ricos e férteis da Polônia que foram incorporados ao
Reich... Sabe-se com certeza que 35 sacerdotes foram baleados, mas o
número real de vítimas, sem dúvida, equivale a mais de cem... Em muitos
distritos, a vida da Igreja foi completamente esmagada, o clero quase
foi expulso; as igrejas católicas e os cemitérios estão nas mãos dos
invasores... O culto católico quase não existe... Os mosteiros e os
conventos foram sistematicamente suprimidos... (propriedades da Igreja)
foram todas saqueadas pelos invasores."
Nos dias 16 e 17 de novembro de 1940, a Rádio Vaticano disse que a vida
religiosa para os católicos na Polônia continuou a ser brutalmente
restrita e que pelo menos 400 clérigos foram deportados para a Alemanha
nos quatro meses anteriores. (A Guerra Nazista Contra a Igreja Católica;
Conferência nacional de bem-estar católico; Washington DC; 1942; pp.
49-50)
"As
Associações Católicas no Governo Geral também foram dissolvidas, as
instituições educacionais católicas foram fechadas e os professores e
professores católicos foram reduzidos a um estado de extrema necessidade
ou foram enviados para campos de concentração. A imprensa católica
tornou-se impotente. Na parte incorporada ao Reich, e especialmente na
Posnania, os representantes dos sacerdotes e ordens católicos foram
encerrados em campos de concentração. Em outras dioceses, os sacerdotes
foram presos. As áreas inteiras do país foram privadas de todos os
ministérios espirituais e os seminários da igreja foram dispersos." (Radio Vaticana, novembro de 1940)
Os discursos do Vaticano não surtiram nenhum efeito positivo, muito pelo contrário.
"No
final de 1941 a Igreja Católica Polonesa foi efetivamente proibida na
Wartheland. Foi mais ou menos germanizado nos outros territórios
ocupados, apesar de uma encíclica emitida pelo Papa já em 27 de outubro
de 1939 protestando contra esta perseguição." (Richard J. Evans, "O Terceiro Reich em Guerra")
Analisemos algumas tristes estatísticas dessa história:
Na Prússia Ocidental, 460 dos 690 sacerdotes poloneses foram
presos (os sobreviventes foram obrigados a fugir - apenas 20 ainda
estavam ativos em 1940). Entre os presos 214 foram executados.
Na diocese de Varsóvia, 212 clérigos foram assassinados; em Wilno, 92; em Lwów, 81; em Cracóvia, 30; em Kielce, 13.
Em Wrocław, 49,2% do clero foi assassinado;
Em Chełmno, 47,8%;
Em Łódź, 36,8%; (apenas quatro igrejas não foram fechadas)
Em Poznań, 31,1% (só duas igrejas na cidade permaneceram abertas)
As freiras tinham destino semelhante; cerca de 400 freiras foram presas no campo de concentração de Bojanowo.
Muitos estudantes e freiras do seminário foram recrutados para trabalhos forçados.
As poucas igrejas que restaram só poderiam abrir aos domingos das 9 às
11 da manhã e os sermões só podiam ser pregados em idioma alemão. Hinos
poloneses foram proibidos. Crucifixos foram removidos das escolas e
instruções religiosas proibidas. A ação católica tinha sido banida e
instituições de caridade católicas como São Vicente de Paulo dissolvidas
e seus fundos confiscados. Santuários religiosos e estátuas em lugares
públicos haviam sido "derrubadas no chão". (fonte: A Guerra Nazista
Contra a Igreja Católica; Conferência nacional de bem-estar católico;
Washington DC; 1942; pp. 34-51)
De um total de 2.720 clérigos registrados como presos no campo de
concentração de Dachau, cerca de 2.579 (ou 94.88%) eram católicos e um
total de 1.034 clérigos foram registrados no geral como mortos no
acampamento. As estatísticas podem ser ainda maiores já que os números
totais são difíceis de afirmar, pois alguns clérigos não foram
reconhecidos como tais pelas autoridades, e alguns - particularmente os
polacos - não desejavam ser identificados como tais, temendo que fossem
maltratados. Mas, de longe, o maior número de presos clérigos veio da
Polônia - no total 1.748 clérigos católicos polacos, dos quais 868
morreram no campo de Dachau. Um grande número de sacerdotes poloneses
foram escolhidos para experimentos médicos nazistas. Em novembro de
1942, 20 receberam "flemmentes"; 120 foram utilizados pelo Dr. Schilling
para experiências de malária entre julho de 1942 e maio de 1944. (Paul
Berben, "Dachau: a história oficial 1933-1945")
De acordo com Thomas J. Craughwell, 80% do clero católico e cinco
bispos de Warthegau foram enviados para campos de concentração em 1939
(108 deles são considerados mártires abençoados, entre os quais estão 3
bispos e 79 padres, além de 7 freiras, vários seminaristas e alguns
leigos pertencentes à Igreja).
Por falar em mártir, é praticamente impossível falar da ocupação nazista à Polônia sem citar São Maximiliano Maria Kolbe, o santo mártir polonês que se ofereceu para morrer em lugar de um estranho no campo de extermínio de Auschwitz.
Kolbe foi preso pelos nazistas em 19 de setembro de 1939, mas libertado
em 8 de dezembro. Ele recusou-se a assinar o Deutsche Volksliste, um
documento que lhe daria direitos semelhantes aos dos cidadãos alemães em
troca de reconhecer sua ascendência alemã. Após a libertação, ele
continuou trabalhando em seu mosteiro, onde, com a ajuda de outros
monges, forneceram abrigo para refugiados da Grande Polônia, incluindo
2.000 judeus que ele pessoalmente escondeu da perseguição alemã em seu
convento em Niepokalanów. Kolbe também recebeu permissão para continuar a
publicar obras religiosas, embora significativamente reduzido no
escopo. O mosteiro continuou a atuar como editora, emitindo uma série de
publicações alemãs antinazistas. Em 17 de fevereiro de 1941, o mosteiro
foi invadido pelas autoridades alemãs. Naquele dia, Kolbe e mais quatro
foram presos pela Gestapo alemã e presos na prisão de Pawiak. Em 28 de
maio, ele foi transferido para Auschwitz como prisioneiro nº 16670.
Continuando a agir como sacerdote, Kolbe foi submetido a assédio
violento, incluindo latidos e amarras, e uma vez teve que ser conduzido
para um hospital da prisão por amigos internos. No final de julho de
1941, dez prisioneiros desapareceram do acampamento, fazendo com que o
oficial Karl Fritzsch, o comandante do campo, escolhesse dez homens para
morrer de fome em um bunker subterrâneo para impedir novas tentativas
de fuga. Quando um dos homens selecionados, Franciszek Gajowniczek,
gritou: "Tenho esposa e filhos!", Kolbe se ofereceu para morrer em seu lugar.
De acordo com uma testemunha ocular, um zelador assistente naquela
época, em sua cela, Kolbe levou os prisioneiros em oração a Nossa
Senhora. Cada vez que os guardas o visitavam, ele estava parado ou
ajoelhado no meio da cela e olhando calmamente para aqueles que
entravam. Após duas semanas de desidratação e fome, apenas Kolbe
permaneceu vivo. "Os guardas queriam desocupar o bunker, então eles
deram a Kolbe uma injeção letal de ácido carbólico. Kolbe levantou o
braço esquerdo e calmamente esperou a injeção mortal”. Morreu em 14 de
agosto. Os restos mortais foram cremados no dia 15 de agosto, dia da
festa da Assunção de Maria
Kolbe foi canonizado em 10 de outubro de 1982 pelo Papa João Paulo II que o declarou "mártir da caridade e Santo Padroeiro do nosso difícil século (XX)".
Ele também é o santo padroeiro dos operadores de rádio amadores,
dependentes de droga, prisioneiros políticos, famílias, jornalistas e do
movimento pró-vida.
Os milagres que foram usados para confirmar sua beatificação são a cura
de tuberculose intestinal em julho de 1948 em Angela Testoni e, em
agosto de 1950, a cura da calcificação das artérias e esclerose de
Francis Ranier.
Para finalizar este capítulo, deixo aos leitores duas imagens que
certamente nunca verão em qualquer site ateu ou anticatólico. As fotos
retratam a execução pública de clérigos poloneses e cidadãos no
Bydgoszcz's Old Market Square, em 9 de setembro de 1939.
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PIO XII, PAPA DOS NAZISTAS OU DOS JUDEUS?
(CAPÍTULO XI - pgs.105 a 114)
Muitas
pessoas que servem verdadeiramente de fonte de desinformação acusam o
Papa Pio XII de ter contribuído com o regime nazista, o que chega a ser
um absurdo já que Pio XII nunca fez qualquer menção de apologia ao
nazismo. Muito pelo contrário, pois Pio XII logo após assumir o trono
pontifício, disse na "Encíclica Summi Pontificatus" que sua missão seria
buscar a paz entre as nações em guerra (foi elogiado abertamente por
isso no New York Times em outubro de 1939).
Pio XII aceitou inclusive ser intermediário entre os ingleses e
militares alemães contrários a Hitler que arquitetavam um Golpe de
Estado para derrubar o regime nazista. O plano não vingou, mas a
frustração do Papa (relatada por amigos próximos) deixa claro que ele
não temia em colocar sua própria vida em risco - sem falar no risco de
destruir a imagem da Igreja caso algo desse errado - para colaborar com a
deposição de Hitler.
Em janeiro de 1940 a Rádio Vaticana denunciou e condenou as atrocidades
nazistas na Polônia, o que aumentou ainda mais a ira do ditador contra a
Igreja Católica - naquele ano mais de 8 mil sacerdotes alemães sofreram
penas e sanções - mais de 150 foram mortos.
E a mensagem de Natal de Pio XII em 1942? Depois dela o embaixador da
Santa Sé foi diretamente ameaçado por autoridades alemãs.
Ninguém pode acusar o Papa de ter se omitido e muito menos de ter se
calado, mas é óbvio que naquelas circunstâncias Pio XII deveria tomar
muito cuidado com as palavras para não colocar ainda mais em risco a
comunidade católica, principalmente na Alemanha. Para se ter uma ideia
do quanto as palavras do Papa poderiam custar a vida de muitos
inocentes, basta citar o caso da carta pastoral (escrita por alguns
bispos católicos) que foi lida nas igrejas da Holanda em 20 de julho de
1942 e que condenava o tratamento desumano para com os judeus. Esta
simples carta acarretou na ordem imediata da deportação de todos os
católicos hebreus: cerca de 40 mil foram mortos!
Documentos nazistas trazidos à público em 1998 e publicados no livro
"Pio XII e gli ebrei" de Margherita Marchione, revelam o plano alemão de
ELIMINAR PIO XII COM TODO O VATICANO. Motivo? Era um só: as declarações
do Papa em favor dos judeus.
Goebbels, em seu diário, escreveu que Hitler pensou várias vezes em
sequestrar o Papa e fazê-lo prisioneiro em Lichtenstein. Muitos judeus e
católicos sobreviventes ao Holocausto declararam um grande temor de que
o Papa falasse mais energicamente contra os nazistas, o que certamente
aceleraria o processo de extinção e muito provavelmente o agravaria
ainda mais.
Robert Kempner, delegado americano no Conselho do Tribunal de Crimes de
Guerra de Nuremberg, afirmou: "Qualquer tentativa de propaganda da
Igreja Católica contra o Reich de Hitler, não teria sido apenas um
suicídio provocado, como declarou recentemente Rosenberg, mas também
teria acelerado a execução de um número maior de sacerdotes e de
judeus".
E que tal a declaração do ilustre cientista judeu Albert Einstein para a Revista Time em 23 de dezembro de 1940: "As
universidades assim como os jornais foram reduzidos ao silêncio em
algumas semanas. Apenas a Igreja Católica permaneceu firme e fez frente à
campanha de Hitler, que suprimia a verdade. E eu que não tive nenhum
interesse na Igreja, agora tenho grande carinho e admiração, porque
somente a Igreja teve a coragem e a constância de defender a verdade
intelectual e a verdade moral. Eu devo confessar que, se alguma vez, a
desprezei, agora devo louva-la sem reservas".
Mas, agora, o fato mais interessante, o qual infelizmente é pouco
divulgado e que certamente deixaria, no mínimo, envergonhados todos
aqueles que acusam a Igreja Católica de ter sido uma aliada dos nazistas
ou de ter se omitido ante as atrocidades de Hitler: mesmo com Roma
invadida pelos alemães (desde 10 de setembro de 1943) e, sob vigia das
autoridades nazistas, o Papa Pio XII ordenou que TODOS OS CONVENTOS E
INSTITUIÇÕES CATÓLICAS ACOLHESSEM (o termo mais correto seria
"escondessem") TODOS OS JUDEUS QUE BUSCASSEM UM LUGAR SEGURO. Apenas em
Roma, 155 conventos (inclusive os de clausura) acolheram mais de 50 MIL
JUDEUS. Na residência veraneia papal de Castelgandolfo mais de 30 MIL
JUDEUS foram acolhidos por meses. Cerca de 60 JUDEUS viveram durante
nove meses na Universidade Gregoriana e CENTENAS no próprio Vaticano. O
cardeal Boetto de Gênova salvou pelo menos 800 JUDEUS; o bispo de Asís
escondeu 300 JUDEUS durante mais de dois anos; o bispo de Campagna
salvou 961 JUDEUS em Fiume.
Agora façam as contas, caros difamadores da Igreja Católica!
Existem documentos verídicos que comprovam que MAIS DE 85 MIL JUDEUS
ITALIANOS escaparam da morte por INTERVENÇÃO E AÇÃO DIRETA DA IGREJA
CATÓLICA.
Enquanto 80% dos judeus europeus morreram durante a guerra, 80% dos judeus italianos se salvaram.
No livro "Três Papas e os Judeus" escrito por Pinchas Lapide, cônsul de
Israel em Milão que entrevistou os judeus italianos sobreviventes, fica
claramente demonstrado e comprovado que o Papa Pio XII contribuiu
substancialmente para salvar 700 mil judeus, e talvez 860 mil da morte
certa nas mãos dos nazistas. Pinchas Lapide afirmou: "A Igreja Católica
salvou mais judeus durante a guerra do que todas as outras igrejas,
instituições religiosas ou organizações juntas. Isso em contraste com o
que foi alcançado pela Cruz Vermelha ou pelas democracias ocidentais".
Pio XII foi obrigado a falar pouco e agir muito e isso ele o fez com
maestria, mesmo não conhecendo a fundo toda a verdade que Hitler e os
nazistas tentavam esconder do mundo. Pio XII fez o que muitos chefes de
nações recusaram-se a fazer: acolher, proteger e lutar pelos direitos
dos judeus. A própria Cruz Vermelha Internacional e países como Suécia e
Suíça permaneceram na mais absoluta neutralidade.
Em 1946 o Papa Pio XII recebeu da comunidade judaica uma placa em
agradecimento pelos serviços humanitários prestados aos judeus
italianos. A placa, com o título de “Os judeus para Sua Santidade Pio
XII”, diz o seguinte:
“O Congresso dos Delegados das comunidades israelitas italianas,
realizado em Roma, pela primeira vez após a Libertação, é obrigado a
pagar tributo a Sua Santidade, e, para manifestar o mais profundo
sentimento de gratidão de todos os judeus, por mostrar a Fraternidade
humana da Igreja durante os anos de perseguição e quando suas vidas
foram postas em perigo pelas atrocidades nazifascistas. Muitas vezes,
sacerdotes suportaram prisões e campos de concentração e até mesmo
sacrificaram as suas vidas para ajudar os judeus. Essa prova que o
sentimento de bondade e caridade que ainda conduz o justo tem servido
para diminuir a vergonha das indignidades suportadas, o suplício sofrido
das perdas de milhões de seres humanos. Israel ainda não terminou o
sofrimento: Os judeus sempre lembrarão o que a Igreja, sob ordens do
papa, fez por eles naquele momento terrível”
“Pacelli não sentia a menor atração por fascistas ou nazistas, e
apelidara Hitler de “Atila motorizado”. (frase de John Cornwell,
extraída do livro“Hitler’s Pope” – lembrando que Cornwell é
anticatólico)
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CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS!