quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A pedofilia na Igreja Católica

https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/book/240941--A_Igreja_Catolica_e_o_Abuso_sexual_de_menores

Nos últimos tempos tem sido uma constante as manchetes dos meios de comunicação alardeando escândalos sexuais envolvendo sacerdotes da Igreja Católica que teriam abusado de menores de idade, especialmente nos Estados Unidos (onde deu-se o estopim dessas denúncias em massa) e agora, mais recentemente, no Reino Unido. Aqui no Brasil, o país mais católico do mundo, esses escândalos também caíram como uma bomba, surpreendendo, frustrando, envergonhando e revoltando muita gente. Entre os católicos menos informados, a influência dessas notícias tem levado à apostasia especialmente aqueles que são (ou eram) católicos só de nome, ou seja, os católicos não praticantes, aqueles que, por desconhecimento da matéria em si, deixam-se levar pelos ataques sem se dar conta que é justamente esse o propósito principal daqueles que ecoam esses escândalos: abalar as estruturas da Igreja Católica e levar à apostasia em massa.
Aos poucos está se impregnando no imaginário popular a figura do "padre pedófilo" e de uma Igreja corrompida, como se o celibato e o catolicismo fossem uma espécie de antro expoente de um crime tão repugnante, ou pior: coniventes e acobertadores desse delito.
A impressão que muitas vezes fica no ar é a de que, quando o assunto é religião, a pedofilia só acontece e só existe na Igreja Católica, como se nas outras religiões este crime lamentável e vergonhoso não ocorresse, como se apenas os sacerdotes se envolvessem em tais escândalos. Dificilmente se vê notícia desses abusos em igrejas protestantes, especialmente na TV brasileira onde muitas emissoras recebem dinheiro de igrejas evangélicas e neopentecostais. E o que dizer da América do Norte e Europa, onde o protestantismo tem raízes muito mais profundas e sua (má) influência é muito maior que aqui? 
Mas o que há de verdade em toda essa história? Será que a Igreja Católica é a instituição religiosa onde mais se comete o crime de pedofilia? Será que o celibato é o maior culpado e motivador dos abusos que têm ocorrido? Será que a Igreja não tem feito nada para punir os acusados? Será que o Papa não tomou nenhuma medida para evitar que isso volte a acontecer?
Discorrerei sobre esta e várias outras questões envolvendo o assunto ao longo deste artigo, mas primeiro é de suma importância reconhecer, ainda que envergonhado, que muitos desses abusos realmente aconteceram e certamente seguem e seguirão (espero que com menos incidência ainda) acontecendo. A razão, diferentemente das motivações, é bastante simples: a Igreja Católica tem duas naturezas: divina e humana. Como divina, já que foi instituída pelo próprio Jesus Cristo, ela seguirá até o fim dos tempos, conforme a promessa do próprio Deus-Cristo, quando deu a Pedro as chaves do Reino dos céus instituindo-o como primeiro chefe (Papa) dela. Como divina, temos a garantia que nem as portas do inferno prevalecerão contra ela e, como temos visto ao longo desses dois mil anos, apesar de ser a instituição religiosa mais perseguida e atacada de todos os tempos, a Igreja Católica segue inabalável, enquanto todos os seus inimigos perecem século após século.
Entretanto, a natureza humana da Igreja, como nem poderia deixar de ser, já que o homem é imperfeito, também cometeu (e fatalmente seguirá cometendo) vários excessos ao longo de sua história, justamente porque o homem, quando se afasta de sua doutrina e de seus ensinamentos, sujeita-se a todo tipo de corrupção, o que o leva a cometer os mais abomináveis crimes. 
Mas, engana-se quem imagina que a pedofilia está predominantemente atrelada apenas à religião católica ou ao celibato. A realidade aqui é muito diferente do que se apresenta à primeira vista.
Comecemos com um rápido raciocínio mental. Alguns atribuem a culpa desses escândalos ao voto de castidade exigido pelo celibato; é muito comum ouvir comentários maldosos do tipo: "os padres pedófilos abusam de menores porque estão proibidos de fazer sexo" ou "se a Igreja permitisse que os padres se casassem, esses abusos não aconteceriam". Pois bem, façamos agora o breve raciocínio mental: se um homem que se dedica anos ao aprendizado de práticas religiosas (nos Seminários) que estimulam justamente o oposto de tais ações e que educam para uma vida casta, é capaz de cometer esses abusos contra menores, mesmo sabendo que o sexo está absolutamente reservado aos casais que se unem sob as bênçãos de Deus e que a pedofilia, especialmente nesse caso, é um pecado mortal e imperdoável, o que estará sujeito a cometer um líder religioso que esteja habituado aos prazeres carnais? Quem estaria mais sujeito ou vulnerável a cometer abusos contra menores: um padre inescrupuloso ou um pastor inescrupuloso?
Poderíamos tirar nossas conclusões muito mais facilmente se os números e as estatísticas dos abusos desse tipo cometidos em outras religiões fossem tão explícitos e divulgados como o são em relação à Igreja Católica. Mas, não é porque não são tão expostos que tais abusos não existam em outras religiões, muito pelo contrário, pois como veremos, eles são muitíssimo maiores do que aparentam ser.

Comecemos falando dos Estados Unidos, berço das denúncias de pedofilia envolvendo sacerdotes. De 1950 a 2002, ou seja, um período de mais de 50 anos, foram denunciados nos EUA exatamente 4.392 sacerdotes supostamente envolvidos com o crime de pedofilia. Apesar de parecer um número até elevado, nem todos esses sacerdotes denunciados realmente cometeram qualquer tipo de abuso e muitos deles conseguiram provar sua inocência contra caluniadores que só estavam interessados nas altíssimas indenizações pagas pela Igreja às vítimas reais de abusos. O que há de concreto é que destas 4.392 denúncias, apenas 958 foram levadas a cabo pela justiça e deste total apenas 54 sacerdotes foram condenados, já que as outras denúncias careciam de provas contundentes. Em muitos casos, para dificultar as investigações e uma possível confirmação do abuso, acusava-se (como vem acontecendo hoje em dia) sacerdotes que já haviam morrido e que portanto não podiam se defender das acusações. Muitas destas denúncias comprovaram-se falsas. Porém, o mais importante a ser enfatizado nessas denúncias envolvendo sacerdotes norte-americanos e que, por escancarada má fé, os meios de comunicação jamais levam a conhecimento, é que neste período de 1950 a 2002 houve um contingente de mais de 109 mil sacerdotes! Ou seja, de 109 MIL padres apenas 54 realmente cometeram esses abusos, o que representa muito menos de 1%.

Pois bem, agora façamos uma comparação. Apenas no ano de 1993 mais de 400 clérigos protestantes e afins (nenhum ligado à Igreja Católica) foram denunciados nos Estados Unidos pelo crime de pedofilia. Em um único ano, mais de 400 denúncias contra clérigos episcopais, metodistas, luteranos, presbiterianos e gregos ortodoxos! Ainda nos Estados Unidos, destacam-se os casos de Gerald Patrick Thomas (conhecido pastor luterano condenado a 397 anos de prisão), William Edward Thompson (pastor episcopal, casado e pai de quatro filhos), Stephen Plummer (bispo da diocese episcopal de Navajoland), Wallace Frey (de Nova Iorque), David Johnson (bispo episcopal de Boston, que suicidou-se após as denúncias), e os "tele-evangelistas" Jimmy Swaggart, Jim e Tammy Bakker. O jornal Los Angeles Times de 25 de março de 2002 divulgou uma pesquisa realizada entre os membros da Igreja Batista em 1993 em que revelou-se que 14% dos ministros haviam tido alguma conduta sexual imprópria e 70% afirmaram conhecer algum ministro que já teve.
"Em uma pesquisa do Christian Ministry Resources (CMR) sobre 1.000 igrejas protestantes dos Estados Unidos, afirmou-se que as denúncias de abusos sexuais em uma década eram de 70 por semana, tendo diminuído a partir de 1997. James Cobble, diretor da CMR, afirmou que "os católicos tem chamado a atenção da mídia, mas o problema é muito maior nas igrejas protestantes."
Anson Shupe, da universidade de Indiana, disse que poderiam ser mais de 70 por semana. Ele visitou 1.607 famílias, casa por casa, e em 4% delas algum membro havia sido vítima de abuso por clérigos ou outros membros de igrejas protestantes." (1)
O próprio Anson Shupe afirmou: "Os católicos tem tomado toda a atenção da mídia, mas o problema é ainda maior no interior das igrejas protestantes. E 21% das denúncias reportadas se encerraram nos tribunais ou em acordos fora da corte."
"A Associated Press declarou que três companhias de seguros de igrejas protestantes dos Estados Unidos receberam 260 denúncias de abuso sexual de menores em um ano. Há que considerar que muitas igrejas não tem seguros e não contabilizam seus casos de abusos de menores, o que indica que esses casos são muito maiores que os da Igreja Católica.
Gary Schoener, psicoterapeuta de Mineápolis, recebeu durante 10 anos, mais de 2.000 denúncias de abusos sexuais entre os protestantes.
De acordo com Jenkins: "Alguns dos piores casos de abuso repetido por clérigos referem-se a ministros batistas e pentecostais, em vez de padres católicos. Cada denominação cristã tem tido sua lista de abusos. Este pesadelo, além de afetar os católicos, tem afetado protestantes, judeus, mórmons, testemunhas de Jeová, budistas e até devotos de Hare Krisna."
Philip Jenkis ainda afirma: "A diferença entre a atitude da mídia (contra a Igreja Católica) dificulta a comparação com os abusos em outras denominações protestantes. Porém, não é difícil encontrar numerosos escândalos em todo o espectro das denominações protestantes que frequentemente envolvem altos membros de sua igreja. Como disse um clérigo episcopal: "Infelizmente, a pedofilia é ecumênica, o que é um ponto de vista totalmente contrário à imagem do sacerdote católico pedófilo"." (2)

"Quem pensa que o problema é o celibato dos sacerdotes deveria pelo menos explicar porque no clero protestante, onde o casamento é permitido, há muito mais casos que no clero católico."
(Cardeal Caffarra)

Deixemos os protestantes de lado por enquanto. Entre os judeus, as denúncias envolvendo pedofilia também não é nenhuma novidade. Apenas em 2008, em uma comunidade judaica ortodoxa do Brooklyn, nos Estados Unidos, houve mais de 40 casos envolvendo pedofilia. "A psicoterapeuta judia Charlette Rolnick, de Nova Iorque, declarou que os rabinos ocultam estes casos e que ela tem recebido centenas de queixas que acabam ficando impunes." (3).
Sobre os muçulmanos nem há muito o que discorrer, já que estes permitem até o casamento com menores de idade. No ano de 2009, em Gaza, houve mais de 450 casamentos em que as noivas eram menores de 10 anos de idade! O próprio profeta Maomé casou-se com uma menina de 6 anos (!) chamada Aisha.
"Quanto aos budistas, durante séculos eles aceitaram como normal a pederastia e lhes parece normal que eles, que renunciam a ter relações com mulheres, possam tê-las com os menores que recebem em seus monastérios para futuros monges." (4).

Como se vê, se fôssemos rotular de pedófilo os religiosos respeitando as reais estatísticas, essa pecha indigesta recairia só em último caso nos padres católicos, já que em outras religiões onde o celibato e o voto de castidade não são exigidos, os números de abusos contra menores são muitíssimo maiores. Ah, mas isso com certeza você não verá na Rede Record, já que para a referida emissora que ultimamente vem veiculando notícias de casos de pedofilia entre padres católicos constantemente em seus telejornais, provavelmente as vítimas de abusos de padres merecem muito mais atenção do que as vítimas de pastores protestantes, que são bem maiores. 

E já que falamos em celibato, será que este é o principal motivador dos abusos de menores nas Igrejas católicas? Não estaria mais propenso a cometer este delito homens que já tenham experimentado as relações sexuais, casados ou não? Vejamos alguns dados:

"O jornal The Economist de 6 de abril de 2002, cita um estudo de Charol Shakeshaft em que se afirma que 15% dos alunos dos Estados Unidos já sofreram algum tipo de abuso sexual durante sua vida escolar e que 5% dos professores já abusaram de seus alunos. De todos estes casos, apenas 1% dos professores são denunciados e expulsos. Normalmente, se encobre ou se transfere de lugar." (5)
"Outro estudo também realizado para o Departamento de Educação no ano 2002, disse as seguintes palavras: O abuso físico sexual de estudantes em escolas é certamente 100 vezes mais alto em números que o abuso dos padres católicos." Repetindo: 100 VEZES MAIS ALTO!

"Há também pesquisas que falam de outras profissões, como os psicoterapeutas. O doutor Christian Reimer afirmou que tanto na Europa como nos países anglo-saxões, a média de abusos dos psicoterapeutas em seus pacientes é de 10%.
Amedeo Cencini diz que existem porcentagens maiores de abusos em outras profissões, como policiais e médicos, que entre os sacerdotes; e isto em uma proporção de 2 ou 3% maior.". (6)

"Entretanto, o pior problema são os abusos sexuais de crianças em sua própria família. Muitos autores falam que um terço dos abusos de menores acontece em suas próprias casas, sobretudo, de meninas, por seu próprio pai ou padrasto, irmãos, tios, primos ou pessoas conhecidas ou próximas da família. Segundo o Instituto da Mulher da Espanha, com dados de 1999, 20% das mulheres sofreram abusos na infância. Em 69% dos casos, o abuso foi cometido dentro de sua família, embora poucos casos sejam denunciados. 75% dos abusos é de pai ou padrasto com a filha; 10% de mãe com o filho e os 15% restantes de irmão com a irmã. Segundo dados dos Estados Unidos, uma média de 88% dos abusos de incesto é praticado pelos próprios pais dos menores. De acordo com o investigador norte-americano David Finkelhor, estes incestos seriam 72% de todos os casos. Segundo o mesmo autor, 27% de todas as meninas são violentadas antes de completar 18 anos; e os meninos 16%. Destes meninos violentados, em torno de 25% acaba virando um abusador em sua vida futura." (7).

Se o celibato e o voto de castidade são os principais desencadeadores dos abusos contra menores na Igreja Católica, como explicar um número infinitamente maior desses abusos em religiões onde estes não são exigidos? Deveríamos também rotular os pastores de pedófilos porque muitos deles se envolveram em escândalos de pedofilia? Deveríamos rotular os professores de pedófilos? Deveríamos rotular os pais de família de pedófilos porque muitos mais abusos são cometidos no interior dos lares do que no interior das igrejas? Deveríamos rotular os homossexuais de pedófilos porque proporcionalmente a pedofilia é muito mais praticada entre eles do que entre os heterossexuais? Vale lembrar que muitas associações de movimentos ativistas homossexuais lutam para tornar a prática da pedofilia legalizada, e não se vê os meios de comunicação alardearem nada disso, ao contrário do que acontece com casos de padres pedófilos. 
"De fato, em todas as pesquisas há um dado irrefutável: entre 80 e 90% de todos os sacerdotes que abusaram de menores eram homossexuais e, quase todos os abusos foram com adolescentes maiores de 11 anos, motivo pelo qual não se pode dizer que são pedófilos, mas efebófilos. Pedófilos somam um número muitíssimo pequeno. Daí que o investigador Phillip Jenkins, um homem não católico e muito honesto, escreveu The Myth of the pedophile priest (O mito do padre pedófilo)."
"Michael Rose, em seu livro Goodbye good man: How catholic seminaries turned away two generations of vocations from the priesthood (Adeus homem bom: como os seminários católicos afastaram as gerações de vocações do sacerdócio), fala que durante várias décadas os homossexuais foram admitidos em massa, o que levou a criar-se nos seminários uma subcultura gay. Alguns seminaristas iam tranquilamente a bares gays e até tinham relações sexuais entre eles. Foi algo horroroso. O resultado de 40 anos de negligência e de permitir a entrada de homossexuais nos Seminários fez com que muitos padres fossem homossexuais, com as consequências conhecidas."
"É claro que nem todos os homossexuais são maus nem abusadores, mas sim um grande número de homossexuais ativos, especialmente os que sofreram abusos. Segundo Stephen Rossetti, dois terços dos homossexuais que ele tratou, foram abusados." (8)


Mas, enfim, as únicas vítimas importantes são as dos padres, todas as demais vítimas de abusos sexuais menores de idade parecem não ter a mínima importância, como se o fato de terem sido abusadas por não sacerdotes amenizasse a gravidade do crime. 
Diante de tudo isso, a verdade que se nos apresenta é exatamente esta: Os meios de comunicação e todos aqueles que superdimensionam os casos de pedofilia envolvendo sacerdotes diante dos outros casos, não estão interessados na punição dos pedófilos e muito menos em divulgar notícias com imparcialidade; só interessa a eles punir e noticiar os casos dos padres pedófilos. Não estão interessados em denunciar pedofilia, só estão interessados em denunciar a pedofilia na Igreja Católica. Não estão revoltados com os abusadores de menores, só estão revoltados com os abusadores que usam batina. Tudo isso com um único propósito: DESQUALIFICAR A IGREJA CATÓLICA PARA TENTAR ENFRAQUECER SUAS ESTRUTURAS.
Tempos modernos, armas modernas, velhas estratégias. As mesmas estratégias que têm sido usadas ao longo dos séculos por todos os inimigos da Igreja: mentiras, calúnias, perseguições, injustiças e exageros.

Por falar em mentira, aqui no Brasil, não tem sido diferente. "A revista "Isto É" publicou em 16 de novembro de 2005, um relatório em que se dizia que no Brasil, segundo uma investigação do Vaticano, havia 1.700 sacerdotes envolvidos em crimes sexuais. No entanto, nunca o Vaticano fez qualquer tipo de investigação sobre isso no Brasil. Além do mais, estes dados foram tomados irresponsavelmente de uma pesquisa, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos, na qual se pedia informação a 1.700 sacerdotes; eram sacerdotes afastados, não culpados de nenhum abuso. Por isso, o cardeal Geraldo Majella, presidente da CNBB, enviou uma carta à revista Isto É para que corrigisse a informação, dizendo que essa gravíssima acusação, publicada como algo seguro, é uma afirmação caluniosa, sem qualquer fundamento. Algum meio de comunicação a nível mundial dos que propagaram a notícia, a retificaram, dizendo que foi uma calúnia da revista?" (9)
Lamentável!
Mas, e a Igreja? O que ela tem feito para tentar corrigir este grande mal que assombra seus fiéis?
Primeiramente, há que se lamentar o fato de altos membros do clero não terem agido de prontidão quando tais escândalos começaram a eclodir em massa (mais especificamente a partir dos anos 2000), deixando de tomar atitudes mais enérgicas. O principal motivo é que o assunto era praticamente uma novidade, muito embora a maioria destes abusos tenham acontecido várias décadas antes das denúncias (alguns aconteceram há mais de 50 anos). Muitos bispos não souberam como agir e acabaram de alguma forma acobertando esses crimes. Mas, atualmente a Igreja tem adotado medidas muito mais enérgicas e, ainda que muitas pessoas insistam em atacar o Papa, a maior autoridade da Igreja, inclusive pedindo sua renúncia, acusando-o de ser conivente com esses crimes, nenhuma outra instituição religiosa tem se empenhado mais em eliminar de seu seio a pedofilia. Mudanças radicais foram implementadas já a partir de Bento XVI.
"Em muitos casos tem-se pedido a renúncia dos bispos envolvidos em acobertamentos. Também tem disposto de tratamento psicológico e espiritual para os sacerdotes envolvidos e os afastado do ministério sacerdotal. Tem se dado normas concretas para que os casos pendentes possam ser denunciados. Inclusive, em alguns países como Holanda e Alemanha, tem se estabelecido telefones de linha aberta para receber chamadas dos afetados e poder assim ajuda-los o quanto antes.
A Igreja, de acordo com o código de direito canônico e as normas vigentes, tem determinado que, a pedido do bispo, estes casos não prescrevam, ainda que tenham ocorrido há vários anos. Todas as Conferências episcopais da Europa tem publicado normas de conduta para afrontar estes casos de abusos de menores. Inclusive o Papa Bento XVI tem se reunido em alguns lugares como Austrália, Estados Unidos, Malta..., com algumas vítimas de abusos para manifestar-lhes sua proximidade, seu consolo e seu apoio para esclarecer os fatos e ressarcir os danos causados em todo sentido."
"Em 15 de julho de 2010 foram publicadas as Novas normas para crimes mais graves. Entre elas, decide-se:
- A ampliação do prazo de prescrição da ação criminal, que tem sido levado a 20 anos, salvando o direito da Congregação para a Doutrina da Fé para poder revoga-lo.
Isto significa que, a diferença dos códigos penais de muitos países em que os delitos de abuso sexual são prescritos em 10 anos, a responsabilidade canônica durará 20 anos desde que a vítima cumpra 18 anos, ou seja, até que atinja os 38 anos. Porém, a Congregação para a Doutrina da Fé tem o poder para estender o prazo ou que nunca prescreva o delito.
- Se concede ao pessoal do Tribunal e, aos advogados e procuradores, a dispensa de requisito de sacerdócio e de requisito de doutorado em direito canônico.
Isto quer dizer que os juízes dos tribunais eclesiásticos podem, a partir de agora, não ser sacerdotes. Podem ser leigos doutores, ou simplesmente denunciados, em direito canônico.
- Também está reservado à Congregação para a Doutrina da Fé o delito de aquisição, retenção ou divulgação, com finalidade libidinosa, de imagens pornográficas de menores de idade inferior a 14 anos por parte de um clérigo em qualquer forma ou com qualquer instrumento. O clérigo que comete estes delitos deve ser punido de acordo com a gravidade do crime, sem excluir a demissão ou a deposição.
Isso significa que os bispos deverão informar à Roma se um sacerdote baixa pela internet pornografia infantil de menores de 14 anos, veja revistas ou de alguma maneira consuma produtos deste tipo. O objetivo é atuar ao primeiro sinal de alarme, sem esperar que haja vítimas. Se diz menor de 14 anos porque o delito é mais grave, quando se trata de crianças. E pode ser sancionado com a demissão ou expulsão do clérigo.
Por outro lado, se estenderão a todos os países as Normas essenciais que foram aprovadas em 8 de dezembro de 2002 para os Estados Unidos, que tem dado muitos bons resultados; sobretudo, o princípio de expulsão na primeira falta."
"O Papa Bento XVI também aprovou a Instrução de 4 de novembro de 2005, emitida pela Congregação para a Educação Católica, na qual se manifesta claramente:
Não podem ser admitidos no Seminário e nas ordem sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou ostentem a chamada cultura gay. As referidas pessoas encontram-se efetivamente em uma situação que dificulta gravemente uma correta relação com homens e mulheres. De maneira nenhuma podem ignorar-se as consequências negativas que podem derivar da ordenação de pessoas com tendências homossexuais profundamente arraigadas. Se tratarem-se de tendências homossexuais que forem só a expressão de um problema transitório, como por exemplo, o de uma adolescência não terminada, estas deverão ser claramente superadas, ao menos, três anos antes da ordenação diaconal." (10)

É claro que Bento XVI foi chamado de homofóbico por implementar tais normas para os seminaristas!
O atual Papa Francisco também tem sido frequentemente atacado nos meios de comunicação, e, a exemplo do que aconteceu com seu antecessor, tem até bispo exigindo sua renúncia. Mas, o tempo dirá e mostrará aos caluniadores da Igreja a verdade. 

Não pensemos que o Papa Francisco não está tomando suas providências. E que tenhamos o mesmo rigor para exigir que a pedofilia seja punida em todas as suas extensões, independente do ambiente em que tenha sido praticada. A indignação para este e todos os crimes hediondos não pode ser seletiva! Neste exato momento, enquanto alguns parecem preocupar-se apenas com os escândalos envolvendo padres pedófilos, a pedofilia está sendo praticada e até estimulada nos quatro cantos do mundo, sem despertar metade da revolta que tem despertado tais padres. Hoje, muitas associações e instituições estão lutando para legalizar a prática da pedofilia, inclusive aqui no Brasil e quase ninguém (especialmente da mídia) parece se preocupar! Enquanto a Igreja Católica tem lutado incansavelmente para expurgar este terrível mal da sociedade e especialmente de suas dependências, boa parte da mídia brasileira vem tratando o tema pedofilia como caso de saúde pública! Com a mesma intensidade que aparentemente se revoltam contra os padres pedófilos, muitos tentam a todo custo introduzir a sexualidade na vida das crianças, utilizando-se das mais variadas vias, especialmente das que englobam a cultura e a educação. 
Um mesmo pai ou mãe que se revoltam com casos de pedofilia envolvendo sacerdotes e que, motivados pela indignação de imaginar seus filhos como possíveis vítimas, atacam a Igreja Católica como se esta fosse o maior abrigo de pedófilos do mundo, são capazes de até aplaudir e incentivar seus filhos a fazer parte da atual "cultura de erotização e sexualização das crianças", ainda que inconsciente ou involuntariamente, quando nem se importam ao ver os filhos rebolando, "descendo até o chão", usando roupas "apelativas", características de pessoas adultas. Esse tipo de comportamento sequer chega a ser discutido nos grandes meios de comunicação; não recebem um terço da atenção que recebe os tais padres pedófilos.

Por tudo isso, é de suma importância que todos os católicos estejam bastante atentos a todo e qualquer tipo de ataque que venha a sofrer sua Igreja. Que saibam distinguir uma notícia imparcial de uma notícia tendenciosa. Que cobrem dos meios de comunicação o mesmo rigor na apuração e veiculação de notícias envolvendo pedofilia. Sim, pois a maioria desses casos que estão vindo à tona foram praticados há várias décadas e enquanto isso a pedofilia segue sendo praticada e até defendida escancaradamente nas mais diferentes áreas e instituições. Não deveriam estes casos despertar uma ira e atenção ainda maiores, já que seguem sendo cometidos até os dias de hoje e em escala muitíssimo maior?

Pelo vista, a revolta de muitas pessoas é bastante seletiva, infelizmente.



 Texto: Renato J. Oliveira               29 de agosto de 2018



(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) A Igreja Católica e o Abuso Sexual de Menores, Pe. Ángel Peña



Para aqueles que estiverem interessados em se aprofundar no assunto, recomendo a leitura do livro "A IGREJA CATÓLICA E O ABUSO SEXUAL DE MENORES" do Padre Ángel Peña.

https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/book/240941--A_Igreja_Catolica_e_o_Abuso_sexual_de_menores






Leia também: 




"Portanto, podemos dizer que, se há alguma instituição humana que tem feito algo efetivo ao longo de dois mil anos e em grande escala em favor dos menores, esta instituição é a Igreja Católica. E, da mesma maneira podemos afirmar que, se há alguma instituição humana que tem feito algo efetivo na atualidade para acabar com o flagelo dos abusos sexuais de menores em seu meio, esta é a Igreja Católica, que tem tido a valentia de reconhecer seus pecados, de pedir perdão e de enfrentar o problema com as reformas correspondentes." (Padre Ángel Peña - "A Igreja Católica e o Abuso Sexual de Menores")






"A imprensa dá muito mais visibilidade aos casos de padres pedófilos, como se as vítimas deles fossem mais importantes. Os padres de Arapiraca (AL), por exemplo, têm sido contemplados pela cobertura dos grandes jornais, portais e TVs. A prisão do pastor protestante Edimário Gama de Freitas, 65, sob a acusação de abusar de filhos de fiéis, só foi noticiada pela imprensa regional, na Bahia."
(Paulopes)





NOTÍCIAS QUE CERTAMENTE VOCÊ NÃO VÊ COM FREQUÊNCIA NA TV
(ESSES ABUSOS NÃO ACONTECERAM HÁ 50 ANOS, MUITO PELO CONTRÁRIO, SÃO BEM RECENTES E TODOS ACONTECERAM EM NOSSO PAÍS. SE FOSSE REPRODUZIR TODOS OS CASOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS QUE SE TORNARAM PÚBLICOS, ESTA LISTA DE NOTÍCIAS CERTAMENTE SOMARIA MILHARES E MILHARES DE CASOS. E NÃO É EXAGERO. A PERGUNTA É: POR QUE A GRANDE MÍDIA NÃO BATE NESSAS TECLAS COMO BATE NOS CASOS ENVOLVENDO A IGREJA CATÓLICA?)



domingo, 29 de abril de 2018

Destruindo o mito do Hitler católico

https://www.clubedeautores.com.br/book/249788--Hitler_era_catolico


Reprodução dos capítulos VII, VIII, IX e XI do livro "Hitler era católico?"


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QUANDO HITLER ABANDONOU A FÉ CATÓLICA?
(trecho subtraído do CAPÍTULO III - pgs. 44 e 45)

          Apesar da formação católica e de até ter manifestado na infância o desejo de tornar-se sacerdote, todos sabemos muito bem que (infelizmente) Hitler não permaneceu fiel ao catolicismo, se é que em algum momento de sua vida ele tenha realmente vivido de acordo com o Catecismo da Igreja. Nesse caso a história certamente seria muito diferente e, quiçá, a Segunda Guerra Mundial jamais teria feito parte dela.
          Quase todos os biógrafos de Hitler traçaram um perfil de uma criança não muito bem ajustada à religião praticada por seus pais (ou no caso, de sua mãe), um menino até certo ponto rebelde e que algumas vezes resistia em acatar as ordens do pai, com quem tinha algumas pequenas desavenças. Segundo o historiador alemão Michael Rissmann, “Hitler foi influenciado na escola pelo Pan-germanismo, e começou a rejeitar a Igreja Católica, recebendo a Crisma só a contragosto”.


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A IGREJA CONDENA OFICIALMENTE O NAZISMO
(CAPÍTULO VII - pgs. 65 a 78)

           “Em 24 de janeiro de 1934, Hitler nomeou Alfred Rosenberg como o filósofo oficial do estado. Oficiais da Igreja ficaram perturbados – A indicação era de que Hitler era oficialmente defendia as ideias antissemitas, anticristãs e neopagãs apresentadas no "Mito do Século XX", de Rosenberg. Pio XI e o Cardeal Pacelli dirigiram o Santo Ofício para colocar o Mito do Século XX no Índice de Livros Proibidos de Rosenberg em 7 de fevereiro de 1934. O Cardeal Schulte de Cologne encontrou-se com Hitler e protestou contra o papel de Rosenberg no governo. Ignorado por Hitler, Schulte decidiu que a Igreja precisava responder e nomeou o reverendo Josef Teusch para dirigir uma defesa contra a propaganda nazista anticristã. Teusch eventualmente produziu 20 livretos contra o nazismo. "Verdades do Catecismo" vendeu sozinho sete milhões de cópias. Mais tarde, em 1934, "Studien zum Mythus des XX", um panfleto de ensaios atacando Mito do Século XX de Rosenberg, foi lançado em nome do Bispo Clemens von Galen – Studien era uma defesa da igreja.” (Robert Krieg, Catholic Theologians in Nazi Germany)
          Quase quatro anos após a Concordata, ao tomar conhecimento de alguns abusos e do não cumprimento de alguns parágrafos da mesma, o Papa Pio XI condenou oficialmente o nazismo e sua ideologia racista na Encíclica Mit Brennender Sorge (Com Profunda Preocupação), promulgada em 14 de março de 1937. Esta Encíclica é considerada o primeiro documento público de um chefe de Estado europeu a criticar o nazismo. Eis algumas das passagens mais célebres da Encíclica:
          "Aquele que, com sacrílego desconhecimento das diferenças essenciais entre Deus e a criatura, entre o Homem-Deus e o simples homem, ousar colocar-se ao nível de Cristo, ou pior ainda, acima d'Ele ou contra Ele, um simples mortal, ainda que fosse o maior de todos os tempos, saiba que é um profeta de fantasias a quem se aplica espantosamente a palavra da Escritura: 'Aquele que mora nos céus zomba deles' (Sal 2,4)."
          "A revelação, que culminou no Evangelho de Jesus Cristo, é definitiva e obrigatória para sempre, não admite complementos de origem humana, e muito menos sucessões ou substituições por revelações arbitrárias, que alguns corifeus modernos pretenderiam fazer derivar do chamado mito do sangue e da raça. Desde que Cristo, o Ungido do Senhor, consumou a obra da redenção, quebrando o domínio do pecado e tornando-nos merecedores da graça de chegar a ser filhos de Deus, desde aquele momento não se deu aos homens nenhum outro nome sob o céu, para conseguir a bem-aventurança, senão o nome de Jesus . Por mais que um homem encarnasse em si toda a sabedoria, todo o poder e toda a pujança material da terra, não poderia assentar fundamento diverso daquele que Cristo colocou."

          Entretanto, caro leitor, muito antes desta encíclica, o partido de Hitler já havia sido oficialmente condenado pela Igreja Católica, em pleno território alemão, conforme comprovado nos documentos encontrados em 2009 por Michael Hesemann. Em um dos documentos, datado de setembro de 1930, a arquidiocese de Mogúncia (Mainz), afirmava que estava “proibido a qualquer católico inscrever-se nas filas do Partido Nacional-Socialista de Hitler”.
“Aos membros do partido hitleriano não era permitido participar de funerais ou de outras celebrações católicas similares.”
“Enquanto um católico estivesse inscrito no partido hitleriano, não podia ser admitido aos sacramentos.”

       A denúncia da arquidiocese de Mogúncia foi publicada na primeira página do L’Osservatore Romano, em um artigo intitulado “Partido de Hitler condenado pela autoridade eclesiástica”, de 11 de outubro de 1930.
          Em fevereiro de 1931, a diocese de Munique confirmou a incompatibilidade da fé católica com o Partido Nazista.
          No mês seguinte, também a diocese de Colônia, Parderborn e as das províncias de Renânia denunciaram a ideologia nazista, proibindo de forma pública qualquer contato com os nazistas.

          “O nacional-socialismo, no seu programa cultural e político, contém heresias porque nega abertamente ou interpreta mal elementos importantes da doutrina católica e porque, de acordo com seus líderes, quer substituir a fé cristã por uma nova ideologia.”
           “Destacados representantes do nacional-socialismo consideram a raça mais importante que a religião. Eles negam as revelações do Antigo Testamento e até o Decálogo Mosaico.”
           “O que o nacional-socialismo chama de cristianismo, não é o cristianismo de Cristo.”
           “É estritamente proibido aos padres e religiosos católicos cooperar ou se juntar ao movimento nacional-socialista de qualquer forma.”
          “Nazistas estão proibidos agora e no futuro de participar dos serviços religiosos quando aparecerem em grupo com uniforme e bandeira.”

          Indignados com a excomunhão emitida pela Igreja Católica, os nazistas enviaram Hermann Göring a Roma afim de reunir-se em audiência com o então secretário de Estado Eugenio Pacelli. No dia 30 de abril de 1931, o cardeal Pacelli rejeitou encontrar-se com Göring, que foi recebido pelo subsecretário, Dom Giuseppe Pizzardo, o qual tinha a tarefa de anotar tudo o que os nazistas pediam.
          Em agosto de 1932, a Igreja Católica excomungou todos os dirigentes do Partido Nazista. Entre os princípios anticristãos denunciados como hereges, a Igreja mencionava explicitamente as teorias étnicas e o racismo.
          Também em agosto de 1932, a Conferência Episcopal alemã publicou um documento detalhado no qual eram dadas instruções de como relacionar-se com o Partido Nazista. Nele, estava escrito que era absolutamente proibido aos católicos que fossem membros do Partido Nacional-Socialista. Quem desobedecesse, seria imediatamente excomungado.
          Em janeiro de 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, as associações católicas alemãs difundiram um folheto intitulado: “Um convite sério em um momento grave”, no qual consideravam a vitória do Partido Nacional-Socialista como “um desastre” para o povo e para a nação.
          No dia 10 de março de 1933, a Conferência Episcopal alemã, reunida em Fulda, enviou um apelo ao presidente da Alemanha, o general Paul L. von Beneckendorff und von Hindenburg, expressando “preocupações mais graves, que são compartilhadas por amplos setores da população”.
          Os bispos alemães se dirigiram a von Hindenburg manifestando seu temor de que os nazistas não respeitassem “o santuário da Igreja e a posição da Igreja na vida pública”. Por isso, pediram ao presidente uma “urgente proteção da Igreja e da vida eclesiástica”.

          Todos os documentos encontrados pela Pave the Way Foundation (PTWF) em 2009 são de notável importância porque põem um fim às repetidas calúnias que pretenderam manchar a Igreja Católica como diligente colaboradora do nazismo, quando na verdade foi a primeira em denunciar sua periculosidade. (Antonio Gaspari)

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A PERSEGUIÇÃO DE HITLER AOS CATÓLICOS
(CAPÍTULO VIII - pgs. 79 a 86)

          A reação de Hitler ao tomar conhecimento da Encíclica de Pio XI (condenando o nazismo) foi instantânea. O ditador teria declarado: "Vou abrir uma campanha contra eles (o clero católico) na imprensa, rádio e cinema, de modo que eles não saberão o que os atingiu. Não teremos nenhum mártir entre os sacerdotes católicos, é mais prático mostrar que eles são criminosos”.

          No dia seguinte à leitura do documento papal nas igrejas alemãs, oficiais da Gestapo visitaram todas as paróquias e escritórios diocesanos com o intuito de apreender as cópias existentes da Encíclica. Também através da Gestapo, Hitler intensificou a perseguição aos católicos alemães, o que acabou resultando na prisão de mais 1.100 membros do clero. Através de seu ministro Joseph Goebbels encabeçou uma campanha publicitária difamatória contra a Igreja Católica, na intenção de colocar todo o povo alemão contra ela.

          O historiador Richard J. Evans, considerado um dos maiores especialistas em História Alemã e Segunda Guerra Mundial, escreveu o seguinte em seu livro "Terceiro Reich no Poder (The Third Reich in Power)":

           “Já desde antes da Concordata ser ratificada, o Cardeal Pacelli, o Secretário do Vaticano do Estado em Roma, estava enviando fluxo frequente de longas e circunstancialmente detalhadas reclamações ao governo alemão sobre tais violações, listando centenas de casos nos quais os camisas marrons haviam fechado organizações católicas, confiscado dinheiro e equipamento, engajado em propaganda anticristã, banido publicações católicas, e muito mais. Padres Católicos foram prejudicados nesta luta, publicamente reclamando a suástica como a "Cruz do Diabo"”

           “Em 4 de novembro, o Ministro (Educacional Regional) tornou as coisas muito piores ao banir a consagração religiosa de novos prédios escolares e ordenar a remoção de todos os símbolos religiosos como crucifixos (e, a propósito, retratos de Lutero) de todos os prédios do estado, municipais e paroquianos, incluindo escolas.”

           “A Câmara de Teatro do Reich começou de 1935 em diante a banir eventos teatrais e musicais patrocinados pela Igreja, argumentando que eles estavam competindo financeiramente e ideologicamente com os concertos e peças patrocinados pelos Nazistas. Por 1937 ela estava banindo as peças de Natal.”

           “Após o começo da campanha de Goebbels contra corrupção financeira na Igreja, os tons das relações entre Berlim e Roma se tornaram muito mais afiados. As relações pareciam estar mergulhando em hostilidade aberta. Cultos e sermões da Igreja na Alemanha estavam agora proibidos, o Vaticano reclamou, sendo sujeitado a constante vigilância pelas autoridades…”

           “Os problemas vieram a cabeça quando, alarmados pelos conflitos escalando, uma delegação sênior de Bispos e Cardeais Alemães, incluindo Bertram, Faulhaber, e Galen, foram a Roma em Janeiro de 1937 para denunciar os Nazistas por violar a Concordata.”

          "...o governo Alemão estava conduzindo uma "luta de aniquilação" contra a Igreja: com medidas de compulsão ambas visíveis e disfarçadas, com intimidação, com ameaças de desvantagens econômicas, profissionais, cívicas e outras, a fé doutrinal dos Católicos e em particular de certas classes dos servos civis Católicos foram sendo colocados sob uma pressão tão ilegal quanto desumana.”

           “Armados desde 1936 com seus novos poderes como Líder da Polícia Alemã, Himmler agora aumentou a campanha contra a Igreja. Junto com seu imediato Reinhard Heydrich, ele colocou agentes secretos nas organizações da Igreja, e escalou a perseguição policial dos clérigos. Houve mais supressão da imprensa diocesana, restrições foram colocadas nas peregrinações e procissões, até mesmo em casamentos Católicos e classes foram banidas porque elas não transmitiam a visão Nacional-Socialista destas coisas.”

           “Por 1938 a maioria dos grupos de juventude Católica haviam sido fechados em razão de estarem assistindo na disseminação de "escritos hostis ao estado". A Ação Católica, da qual os líderes na Alemanha alegadamente mantiveram comunicações com o Prelate Kaas, o antigo líder do Partido Central, foi também banida em 1938. Subsídios estatais para a Igreja foram cortados na Bavária e na Saxônia, e monastérios foram dissolvidos com seus assentos confiscados. Mandados de busca e prisões de padres "políticos" aumentaram substancialmente, com um fluxo constante de casos bem publicados de "abuso do púlpito" trazidos perante a corte.”

           “… Exigindo da Igreja Católica "tirar a máscara", mais do que sugerindo que homossexualismo e pedofilia eram epidêmicos na Igreja como um todo, e não em instâncias isoladas.”

           “Particularmente ofensivo, declarou a imprensa,era o fato de que a Igreja defendia os acusados e os tratava como mártires. A medida que mais julgamentos seguiram, o Ministério da Propaganda construiu uma constante campanha para retratar a Igreja como sexualmente corrupta e indigna de ser confiada na educação dos jovens.”

           “… Tais coisas somente ocorriam na Igreja, onde, foi sugerido, eles eram um inevitável produto do celibato que era requerido do sacerdócio pela Igreja. A Igreja Católica era uma ‘ferida no saudável corpo racial’ que deveria ser removida, declarou um artigo da imprensa Nazista. A campanha culminou em um discurso furioso pelo próprio Ministro da Propaganda do Reich, dado a uma audiência de 20 mil dos fiéis ao Partido, e transmitida em rádio nacional, em 28 de maio de 1937, denunciando os Católicos como "corruptores e envenenadores da alma do povo" e prometendo que "esta praga sexual deverá ser exterminada, raiz e ramo". Não é a lei do Vaticano que impera aqui entre nós, ele avisou a Igreja, mas a lei do povo Alemão.”

           “… Os Nazistas agora lançaram uma campanha sustentada para fechar escolas denominacionais e substituí-las com "escolas comunitárias" não religiosas, apoiada por votos dos pais.”

           “No verão de 1939, todas as escolas denominacionais na Alemanha haviam se tornado escolas comunitárias, e todas as escolas privadas administradas pelas Igrejas haviam sido fechadas, e os padres a frades que as administravam foram demitidos. Padres foram impedidos de ensinar em escolas primárias em crescente número. Ao mesmo tempo, classes de instrução religiosa foram reduzidas drasticamente.”

          "O poder da Igreja Católica na Alemanha, como aquele da contraparte Protestante, haviam sido severamente minados por volta de 1939. Havia sido intimidado e perseguido até que começou a baixar o tom de suas críticas ao regime por medo de que algo ainda pior pudesse acontecer...”

           “Tais ideias anticristãs eram difundidas na Juventude Hitlerista e formavam uma parte cada vez mais importante do programa do Partido para a doutrinação dos jovens. Crianças recebendo lanches da organização de bem-estar Nacional-Socialista em Colônia, por exemplo, eram obrigadas a recitar uma oração antes e após a refeição, a qual substituía o nome de Deus pelo nome do Führer..."


          Diante de todos esses fatos, entre tantos questionamentos, duas perguntas primordiais que podemos lançar aos que afirmam ou acreditam que Hitler era católico são:

          1) Por que o ditador não se submeteu aos apelos do Papa Pio XI que condenou oficialmente sua doutrina nazista?

          2) Se Hitler era católico, por que ele ordenou uma perseguição ferrenha aos católicos da Alemanha?


          “O objetivo derradeiro da SS ia além da erradicação do Catolicismo político para a destruição da própria Igreja como um centro de poder e autoridade moral. Reinhard Heydrich (um dos principais idealizadores nazistas) tentou desacreditar o clero ao produzir um número de julgamentos baseados em acusações de contrabando de moeda e má conduta sexual por padres e freiras que foram dadas ampla publicidade no jornal SS, Das Schwartze Korps.” (Callum Macdonald, “O assassinato de Reinhard Heydrich”)


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O MASSACRE DOS CATÓLICOS NA POLÔNIA
(CAPÍTULO IX - pgs.87 a 98)

          Este é um capítulo que certamente demandaria um estudo mais aprofundado e consumiria muitas e muitas páginas, mas para que o leitor tenha uma ideia do quão ferrenha foi a perseguição nazista aos católicos na Polônia, observemos os fatos a seguir.

          Primeiramente, vale enfatizar que, na época da invasão (1939), cerca de 65% da população da Polônia declarava ser católica (fonte: Jozef Garlinski; "Polônia e Segunda Guerra Mundial"). Segundo o historiador Richard J. Evans, a Igreja Católica era a instituição que "mais do que qualquer outra sustentava a identidade nacional polonesa ao longo dos séculos", ou seja, a Polônia era um país predominantemente católico e cristão.

          De acordo com o livro "Hitler, uma biografia (Hitler a Biography)”, de Ian Kershaw, a Igreja Católica na Polônia foi brutalmente suprimida pelos nazistas durante a ocupação alemã naquele país (1939-1945). Nas áreas polacas anexadas pela Alemanha nazista as igrejas foram sistematicamente fechadas e a maioria dos sacerdotes foram mortos, presos ou deportados. Em toda a Polônia, milhares de sacerdotes morreram em prisões e campos de concentração; milhares de igrejas e mosteiros foram confiscados, fechados ou destruídos; e inúmeras obras de arte religiosa e objetos sagrados se perderam para sempre. Os líderes da Igreja foram alvo como parte de um esforço geral para destruir a cultura polonesa. Pelo menos 1811 pessoas do clero polonês morreram em campos de concentração nazistas. No total, cerca de 3000 clérigos foram mortos. Os planos de Hitler para a germanização do Oriente não tinham lugar para as Igrejas cristãs.

          O clero superior da Polônia sofreu duras represálias; alguns foram forçados a se aposentar, enquanto outros foram presos e até executados. Os bispos Marian Leon Fulman, Władysław Goral, Michał Kozal, Antoni Julian Nowowiejski e Leon Wetmański foram enviados para campos de concentração, com Goral, Nowowiejski, Kozal e Wetmański perecendo em Sachsenhausen, Dachau, Soldau e Auschwitz, respectivamente. (fonte: Pierre Blet, "Pio XII e Segunda Guerra Mundial: de acordo com os arquivos do Vaticano")

          Após a invasão, o cardeal August Hlond apresentou um relatório oficial das perseguições contra a Igreja polonesa ao Vaticano. Ele descreveu apreensões da propriedade da igreja e abuso de clérigos e freiras na Arquidiocese de Gniezno:

          "Muitos sacerdotes são presos, sofrem humilhações, golpes, maus tratos. Um certo número foi deportado para a Alemanha... Outros foram detidos em campos de concentração... Não é raro ver um padre no meio de grupos trabalhistas que trabalham nos campos... Alguns deles até foram presos, barbaramente agredidos e submetidos a outras torturas... A Canon Casimir Stepczynski ... foi forçada, em companhia de um judeu, a levar o excremento humano... o curador que desejava tomar o lugar do venerável padre foi brutalmente espancado com o cabo do rifle."

          "Na diocese de Chełmno afirma-se que um grande número de sacerdotes foram baleados, mas nem o número nem os detalhes são conhecidos, já que as autoridades de ocupação mantêm um obstinado silêncio sobre o assunto... As Igrejas foram quase todas foram fechadas e confiscadas pela Gestapo... todas as cruzes e símbolos sagrados à beira da estrada foram destruídos... 95% dos sacerdotes foram presos, expulsos ou humilhados diante dos fiéis... e a maioria dos católicos eminentes foram executados."

          "O hitlerismo visa a destruição sistemática e total da Igreja Católica nos territórios ricos e férteis da Polônia que foram incorporados ao Reich... Sabe-se com certeza que 35 sacerdotes foram baleados, mas o número real de vítimas, sem dúvida, equivale a mais de cem... Em muitos distritos, a vida da Igreja foi completamente esmagada, o clero quase foi expulso; as igrejas católicas e os cemitérios estão nas mãos dos invasores... O culto católico quase não existe... Os mosteiros e os conventos foram sistematicamente suprimidos... (propriedades da Igreja) foram todas saqueadas pelos invasores."


          Nos dias 16 e 17 de novembro de 1940, a Rádio Vaticano disse que a vida religiosa para os católicos na Polônia continuou a ser brutalmente restrita e que pelo menos 400 clérigos foram deportados para a Alemanha nos quatro meses anteriores. (A Guerra Nazista Contra a Igreja Católica; Conferência nacional de bem-estar católico; Washington DC; 1942; pp. 49-50)

          "As Associações Católicas no Governo Geral também foram dissolvidas, as instituições educacionais católicas foram fechadas e os professores e professores católicos foram reduzidos a um estado de extrema necessidade ou foram enviados para campos de concentração. A imprensa católica tornou-se impotente. Na parte incorporada ao Reich, e especialmente na Posnania, os representantes dos sacerdotes e ordens católicos foram encerrados em campos de concentração. Em outras dioceses, os sacerdotes foram presos. As áreas inteiras do país foram privadas de todos os ministérios espirituais e os seminários da igreja foram dispersos." (Radio Vaticana, novembro de 1940)

          Os discursos do Vaticano não surtiram nenhum efeito positivo, muito pelo contrário.

          "No final de 1941 a Igreja Católica Polonesa foi efetivamente proibida na Wartheland. Foi mais ou menos germanizado nos outros territórios ocupados, apesar de uma encíclica emitida pelo Papa já em 27 de outubro de 1939 protestando contra esta perseguição." (Richard J. Evans, "O Terceiro Reich em Guerra")


          Analisemos algumas tristes estatísticas dessa história:

         Na Prússia Ocidental, 460 dos 690 sacerdotes poloneses foram presos (os sobreviventes foram obrigados a fugir - apenas 20 ainda estavam ativos em 1940). Entre os presos 214 foram executados.
          Na diocese de Varsóvia, 212 clérigos foram assassinados; em Wilno, 92; em Lwów, 81; em Cracóvia, 30; em Kielce, 13.
          Em Wrocław, 49,2% do clero foi assassinado;
          Em Chełmno, 47,8%;
          Em Łódź, 36,8%; (apenas quatro igrejas não foram fechadas)
          Em Poznań, 31,1% (só duas igrejas na cidade permaneceram abertas)
          As freiras tinham destino semelhante; cerca de 400 freiras foram presas no campo de concentração de Bojanowo.
          Muitos estudantes e freiras do seminário foram recrutados para trabalhos forçados.
          As poucas igrejas que restaram só poderiam abrir aos domingos das 9 às 11 da manhã e os sermões só podiam ser pregados em idioma alemão. Hinos poloneses foram proibidos. Crucifixos foram removidos das escolas e instruções religiosas proibidas. A ação católica tinha sido banida e instituições de caridade católicas como São Vicente de Paulo dissolvidas e seus fundos confiscados. Santuários religiosos e estátuas em lugares públicos haviam sido "derrubadas no chão". (fonte: A Guerra Nazista Contra a Igreja Católica; Conferência nacional de bem-estar católico; Washington DC; 1942; pp. 34-51)

          De um total de 2.720 clérigos registrados como presos no campo de concentração de Dachau, cerca de 2.579 (ou 94.88%) eram católicos e um total de 1.034 clérigos foram registrados no geral como mortos no acampamento. As estatísticas podem ser ainda maiores já que os números totais são difíceis de afirmar, pois alguns clérigos não foram reconhecidos como tais pelas autoridades, e alguns - particularmente os polacos - não desejavam ser identificados como tais, temendo que fossem maltratados. Mas, de longe, o maior número de presos clérigos veio da Polônia - no total 1.748 clérigos católicos polacos, dos quais 868 morreram no campo de Dachau. Um grande número de sacerdotes poloneses foram escolhidos para experimentos médicos nazistas. Em novembro de 1942, 20 receberam "flemmentes"; 120 foram utilizados pelo Dr. Schilling para experiências de malária entre julho de 1942 e maio de 1944. (Paul Berben, "Dachau: a história oficial 1933-1945")

          De acordo com Thomas J. Craughwell, 80% do clero católico e cinco bispos de Warthegau foram enviados para campos de concentração em 1939 (108 deles são considerados mártires abençoados, entre os quais estão 3 bispos e 79 padres, além de 7 freiras, vários seminaristas e alguns leigos pertencentes à Igreja).

          Por falar em mártir, é praticamente impossível falar da ocupação nazista à Polônia sem citar São Maximiliano Maria Kolbe, o santo mártir polonês que se ofereceu para morrer em lugar de um estranho no campo de extermínio de Auschwitz.

Resultado de imagem para São Maximiliano Maria Kolbe           Kolbe foi preso pelos nazistas em 19 de setembro de 1939, mas libertado em 8 de dezembro. Ele recusou-se a assinar o Deutsche Volksliste, um documento que lhe daria direitos semelhantes aos dos cidadãos alemães em troca de reconhecer sua ascendência alemã. Após a libertação, ele continuou trabalhando em seu mosteiro, onde, com a ajuda de outros monges, forneceram abrigo para refugiados da Grande Polônia, incluindo 2.000 judeus que ele pessoalmente escondeu da perseguição alemã em seu convento em Niepokalanów. Kolbe também recebeu permissão para continuar a publicar obras religiosas, embora significativamente reduzido no escopo. O mosteiro continuou a atuar como editora, emitindo uma série de publicações alemãs antinazistas. Em 17 de fevereiro de 1941, o mosteiro foi invadido pelas autoridades alemãs. Naquele dia, Kolbe e mais quatro foram presos pela Gestapo alemã e presos na prisão de Pawiak. Em 28 de maio, ele foi transferido para Auschwitz como prisioneiro nº 16670.

          Continuando a agir como sacerdote, Kolbe foi submetido a assédio violento, incluindo latidos e amarras, e uma vez teve que ser conduzido para um hospital da prisão por amigos internos. No final de julho de 1941, dez prisioneiros desapareceram do acampamento, fazendo com que o oficial Karl Fritzsch, o comandante do campo, escolhesse dez homens para morrer de fome em um bunker subterrâneo para impedir novas tentativas de fuga. Quando um dos homens selecionados, Franciszek Gajowniczek, gritou: "Tenho esposa e  filhos!", Kolbe se ofereceu para morrer em seu lugar.

          De acordo com uma testemunha ocular, um zelador assistente naquela época, em sua cela, Kolbe levou os prisioneiros em oração a Nossa Senhora. Cada vez que os guardas o visitavam, ele estava parado ou ajoelhado no meio da cela e olhando calmamente para aqueles que entravam. Após duas semanas de desidratação e fome, apenas Kolbe permaneceu vivo. "Os guardas queriam desocupar o bunker, então eles deram a Kolbe uma injeção letal de ácido carbólico. Kolbe levantou o braço esquerdo e calmamente esperou a injeção mortal”. Morreu em 14 de agosto. Os restos mortais foram cremados no dia 15 de agosto, dia da festa da Assunção de Maria

          Kolbe foi canonizado em 10 de outubro de 1982 pelo Papa João Paulo II que o declarou "mártir da caridade e Santo Padroeiro do nosso difícil século (XX)". Ele também é o santo padroeiro dos operadores de rádio amadores, dependentes de droga, prisioneiros políticos, famílias, jornalistas e do movimento pró-vida.

          Os milagres que foram usados para confirmar sua beatificação são a cura de tuberculose intestinal em julho de 1948 em Angela Testoni e, em agosto de 1950, a cura da calcificação das artérias e esclerose de Francis Ranier.

          Para finalizar este capítulo, deixo aos leitores duas imagens que certamente nunca verão em qualquer site ateu ou anticatólico. As fotos retratam a execução pública de clérigos poloneses e cidadãos no Bydgoszcz's Old Market Square, em 9 de setembro de 1939.

 



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PIO XII, PAPA DOS NAZISTAS OU DOS JUDEUS?
(CAPÍTULO XI - pgs.105 a 114)

          Muitas pessoas que servem verdadeiramente de fonte de desinformação acusam o Papa Pio XII de ter contribuído com o regime nazista, o que chega a ser um absurdo já que Pio XII nunca fez qualquer menção de apologia ao nazismo. Muito pelo contrário, pois Pio XII logo após assumir o trono pontifício, disse na "Encíclica Summi Pontificatus" que sua missão seria buscar a paz entre as nações em guerra (foi elogiado abertamente por isso no New York Times em outubro de 1939).

          Pio XII aceitou inclusive ser intermediário entre os ingleses e militares alemães contrários a Hitler que arquitetavam um Golpe de Estado para derrubar o regime nazista. O plano não vingou, mas a frustração do Papa (relatada por amigos próximos) deixa claro que ele não temia em colocar sua própria vida em risco - sem falar no risco de destruir a imagem da Igreja caso algo desse errado - para colaborar com a deposição de Hitler.

          Em janeiro de 1940 a Rádio Vaticana denunciou e condenou as atrocidades nazistas na Polônia, o que aumentou ainda mais a ira do ditador contra a Igreja Católica - naquele ano mais de 8 mil sacerdotes alemães sofreram penas e sanções - mais de 150 foram mortos.

          E a mensagem de Natal de Pio XII em 1942? Depois dela o embaixador da Santa Sé foi diretamente ameaçado por autoridades alemãs.

          Ninguém pode acusar o Papa de ter se omitido e muito menos de ter se calado, mas é óbvio que naquelas circunstâncias Pio XII deveria tomar muito cuidado com as palavras para não colocar ainda mais em risco a comunidade católica, principalmente na Alemanha. Para se ter uma ideia do quanto as palavras do Papa poderiam custar a vida de muitos inocentes, basta citar o caso da carta pastoral (escrita por alguns bispos católicos) que foi lida nas igrejas da Holanda em 20 de julho de 1942 e que condenava o tratamento desumano para com os judeus. Esta simples carta acarretou na ordem imediata da deportação de todos os católicos hebreus: cerca de 40 mil foram mortos!

          Documentos nazistas trazidos à público em 1998 e publicados no livro "Pio XII e gli ebrei" de Margherita Marchione, revelam o plano alemão de ELIMINAR PIO XII COM TODO O VATICANO. Motivo? Era um só: as declarações do Papa em favor dos judeus.

          Goebbels, em seu diário, escreveu que Hitler pensou várias vezes em sequestrar o Papa e fazê-lo prisioneiro em Lichtenstein. Muitos judeus e católicos sobreviventes ao Holocausto declararam um grande temor de que o Papa falasse mais energicamente contra os nazistas, o que certamente aceleraria o processo de extinção e muito provavelmente o agravaria ainda mais.

          Robert Kempner, delegado americano no Conselho do Tribunal de Crimes de Guerra de Nuremberg, afirmou: "Qualquer tentativa de propaganda da Igreja Católica contra o Reich de Hitler, não teria sido apenas um suicídio provocado, como declarou recentemente Rosenberg, mas também teria acelerado a execução de um número maior de sacerdotes e de judeus".

          E que tal a declaração do ilustre cientista judeu Albert Einstein para a Revista Time em 23 de dezembro de 1940: "As universidades assim como os jornais foram reduzidos ao silêncio em algumas semanas. Apenas a Igreja Católica permaneceu firme e fez frente à campanha de Hitler, que suprimia a verdade. E eu que não tive nenhum interesse na Igreja, agora tenho grande carinho e admiração, porque somente a Igreja teve a coragem e a constância de defender a verdade intelectual e a verdade moral. Eu devo confessar que, se alguma vez, a desprezei, agora devo louva-la sem reservas".

          Mas, agora, o fato mais interessante, o qual infelizmente é pouco divulgado e que certamente deixaria, no mínimo, envergonhados todos aqueles que acusam a Igreja Católica de ter sido uma aliada dos nazistas ou de ter se omitido ante as atrocidades de Hitler: mesmo com Roma invadida pelos alemães (desde 10 de setembro de 1943) e, sob vigia das autoridades nazistas, o Papa Pio XII ordenou que TODOS OS CONVENTOS E INSTITUIÇÕES CATÓLICAS ACOLHESSEM (o termo mais correto seria "escondessem") TODOS OS JUDEUS QUE BUSCASSEM UM LUGAR SEGURO. Apenas em Roma, 155 conventos (inclusive os de clausura) acolheram mais de 50 MIL JUDEUS. Na residência veraneia papal de Castelgandolfo mais de 30 MIL JUDEUS foram acolhidos por meses. Cerca de 60 JUDEUS viveram durante nove meses na Universidade Gregoriana e CENTENAS no próprio Vaticano. O cardeal Boetto de Gênova salvou pelo menos 800 JUDEUS; o bispo de Asís escondeu 300 JUDEUS durante mais de dois anos; o bispo de Campagna salvou 961 JUDEUS em Fiume.

          Agora façam as contas, caros difamadores da Igreja Católica!

          Existem documentos verídicos que comprovam que MAIS DE 85 MIL JUDEUS ITALIANOS escaparam da morte por INTERVENÇÃO E AÇÃO DIRETA DA IGREJA CATÓLICA.

          Enquanto 80% dos judeus europeus morreram durante a guerra, 80% dos judeus italianos se salvaram.


          No livro "Três Papas e os Judeus" escrito por Pinchas Lapide, cônsul de Israel em Milão que entrevistou os judeus italianos sobreviventes, fica claramente demonstrado e comprovado que o Papa Pio XII contribuiu substancialmente para salvar 700 mil judeus, e talvez 860 mil da morte certa nas mãos dos nazistas. Pinchas Lapide afirmou: "A Igreja Católica salvou mais judeus durante a guerra do que todas as outras igrejas, instituições religiosas ou organizações juntas. Isso em contraste com o que foi alcançado pela Cruz Vermelha ou pelas democracias ocidentais".

          Pio XII foi obrigado a falar pouco e agir muito e isso ele o fez com maestria, mesmo não conhecendo a fundo toda a verdade que Hitler e os nazistas tentavam esconder do mundo. Pio XII fez o que muitos chefes de nações recusaram-se a fazer: acolher, proteger e lutar pelos direitos dos judeus. A própria Cruz Vermelha Internacional e países como Suécia e Suíça permaneceram na mais absoluta neutralidade.

          Em 1946 o Papa Pio XII recebeu da comunidade judaica uma placa em agradecimento pelos serviços humanitários prestados aos judeus italianos. A placa, com o título de “Os judeus para Sua Santidade Pio XII”, diz o seguinte:

          “O Congresso dos Delegados das comunidades israelitas italianas, realizado em Roma, pela primeira vez após a Libertação, é obrigado a pagar tributo a Sua Santidade, e, para manifestar o mais profundo sentimento de gratidão de todos os judeus, por mostrar a Fraternidade humana da Igreja durante os anos de perseguição e quando suas vidas foram postas em perigo pelas atrocidades nazifascistas. Muitas vezes, sacerdotes suportaram prisões e campos de concentração e até mesmo sacrificaram as suas vidas para ajudar os judeus. Essa prova que o sentimento de bondade e caridade que ainda conduz o justo tem servido para diminuir a vergonha das indignidades suportadas, o suplício sofrido das perdas de milhões de seres humanos. Israel ainda não terminou o sofrimento: Os judeus sempre lembrarão o que a Igreja, sob ordens do papa, fez por eles naquele momento terrível”




           “Pacelli não sentia a menor atração por fascistas ou nazistas, e apelidara Hitler de “Atila motorizado”. (frase de John Cornwell, extraída do livro“Hitler’s Pope” – lembrando que Cornwell é anticatólico)






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CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS!